Estou em Alta Floresta depois de mais de 12 horas de viagem em estrada de chão, com direito a uma travessia de balsa no rio Juruena, durante a qual descobri que tenho um primo que mora em Cotriguaçu, onde é defensor público. A descoberta se deu numa conversa com um passageiro da balsa que me disse que morava em Cotriguaçu com um rapaz de Cáceres, que é meu primo em segundo grau. Essa mundo é pequeno, não?
Depois de seis dias de viagem, a única coisa de que tenho certeza é de quanto sou pequena. Fico pensando nas pessoas que conheci e vi em Colniza e meu coração se enche de tristeza. Não sei explicar por que. Conheci pessoas muitos felizes em Colniza e provavelmente elas estão mais felizes do que muita gente que mora nas grandes cidades. Mas elas estão tão longe da chamada civilização. Se alguém quebra um braço tem que andar horas numa estrada de chão em busca de médico.
A sensação que me vem é um pouco semelhante a que Chico Buarque relatou na música "Gente humilde". A gente, na nossa concepção besta de classe média, acostumada com conforto e criada cheia de mimos, morre de medo de tudo e acaba acreditando em valores muito superficiais. Aí vê aquelas pessoas que vivem de uma forma tão diferente da nossa e sofre por elas, mas nem sabe exatamente por que.
Fiquei tão comovida de ter sido cercada ontem em Colniza por pequenos produtores que vieram falar de seu companheiro assassinado como se eu fosse resolver o problema deles. Mal sabem eles que eu posso tão pouco. Vou escrever a história deles, mas nada vai mudar.
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