quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Um sonho

Hoje tive um sonho muito forte, que prefiro não contar aqui, porém a sua lembrança me fez ter vontade de falar sobre o livro que acabei de ler. Chama-se "Manual da paixão solitária" (Companhia das Letras, 2008) e foi escrito pelo gaúcho Moacyr Scliar, um dos meus escritores preferidos.
Há muitos anos, quando trabalhava na sucursal carioca da revista Veja, recebi uma pauta sobre Scliar, que acabara de lançar um livro de contos. Posso falar mal de Veja por um monte de razões, mas em lugar algum que trabalhei tive tão boas condições de trabalho. Fui autorizada a comprar e ler vários livros de Scliar para me embasar melhor para a entrevista que faria com ele por telefone. Escrevi uma matéria pequena, de uma página, mas que prazer me deu aquele trabalho!
Desde então eu me tornei fã de Scliar. Li há uns dois ou três anos o romance "A mulher que escreveu a Bíblia", que é uma delícia, e agora minha amiga Mônica (grande fornecedora de livros) me emprestou o "Manual".
Gostei tanto do livro que acabei de ler e comecei a ler de novo. Parece até mentira! É que ele pequeno e tem muitos personagens e isso meio que confunde a gente. Por isso recomecei a leitura para esclarecer alguns pontos e agora não consigo parar.
O livro trata de amor, de paixão e, principalmente, de sonhos, por isso a associação com meu sonho. Ele fala também com muita propriedade sobre a escrita, como uma paixão solitária, embora também fale sobre outro tipo de "paixão solitária". É muito divertido porque o texto é, ao mesmo tempo, sério e leve, irônico, debochado.
Na verdade, os grandes narradores da história são Shelá e Tamar, que contam sua versão dos mesmos fatos, inspirados numa passagem de menos importância do Velho Testamento da Bíblia.
Eu já ia me esquecendo de dizer que com "Manual", Scliar ganhou o Prêmio Jabuti de 2008.
A leitura da obra está me convidando a escrever uma história, assim como Shelá e Tamar, graças à imaginação e ao talento de Scliar, escreveram a sua história.

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