sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Tête-à-tête

Não gosto muito de conversa coletivas. Não levo jeito. Meu negócio é o tête-à-tête, a conversa mais íntima, a dois, mesmo que o assunto não seja dos mais pessoais. Quando tem mais de duas pessoas na parada, eu tendo a me calar, a menos que eu esteja numa aula ou numa palestra.
É estranho isso: sou muito tímida quando a conversa acontece com um grupo maior, mas fico à vontade se tiver que falar em público (é claro que depende do público, porém não tenho vergonha de enfrentar uma sala de aula, nem tive vergonha, por exemplo, de falar em inglês para dezenas de norte-americanos nos encontros com rotarianos que tivemos durante o Intercâmbio de Grupo de Estudos em Indiana, em 1997).
A conversa a três ou quatro me cansa um pouco a menos que estejamos falando de um assunto absolutamente banal. Agora, quando estou com uma pessoa só, mesmo que não tenhamos grande intimidade ou afinidade, consigo levar uma conversa bastante animada e reveladora.
Essa carcaterística também se apresenta na vida de repórter. Sempre tive horror a entrevistas coletivas. Gosto de falar com meu entrevistado sem platéia, de preferência. Isso é, em parte, insegurança, mas também tem a ver com um desejo por um clima de mais intimidade, informalidade.
Toda essa prosa me remete a um livro do filósofo norte-americano Emerson (Ralph Waldo Emerson, que aprendi a admirar nos meus tempos de professora de literatura norte-americana). Chamava-se "Ensaios" e me foi "roubado" (um bom tema para um post futuro) por um ex-aluno que sumiu no mapa. Tinha um ensaio do qual eu gostava muito que tratava exatamente do tema das possibilidades criadas por uma conversa a dois. Já faz tanto tempo que li (uns 11 anos) que não me lembro mais dos detalhes, porém eu me lembro que me senti acolhida e compreendida.
PS. Desculpe o aparente pedantismo do título, mas adoro essa expressão francesa que define de maneira elegante a tal da conversa a dois ou ao pé-do-ouvido (esta última me lembra coisa de conspirador, de político).

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