quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Palavras ao vento

Eu sinto que está chegando o tempo de passar das palavras à ação. Ainda não sei como. Estou cansada de ver tantas coisas erradas e só observar, me indignar e me calar.
Não me julgo melhor que ninguém, mas as injustiças sempre me incomodaram muito. Fui uma adolescente dividida entre as delícias e angústias típicas da idade, e o desejo de mudar o mundo para por fim as injustiças sociais. Sempre fui medrosa, mas admirava muito as pessoas que se lançavam nos movimentos de contestação. Queria fazer jornalismo não pelo glamour da profissão, mas para poder estar perto e denunciar os dramas das pessoas menos favorecidas pela sorte.
E o que fiz da minha vida? Durante um tempo me deixei seduzir (não totalmente) pelas benesses e o charme de trabalhar na maior revista semanal do Brasil, embora tenha feito lá o meu trabalho mais significativo em termos de jornalismo (outra hora volto a esse assunto). No ápice da minha carreira, nos anos 80, quando ainda morava no Rio, não fui forte suficiente para aproveitar o fato de ser a queridinha nos órgãos de imprensa mais importantes da cidade para expressar meu real desejo.
Foi a minha fase de desbunde, de descobertas pessoais. Depois veio o casamento, as filhas, a vida em Mato Grosso e um novo choque de realidade, que mudou profundamente o meu rumo na vida.
Agora, estou aqui em Cuiabá, trabalhando numa revista de agronegócio, corroída pelo desejo de encontrar minha essência e pressionada pela necessidade de pagar as contas e dar uma boa vida pequeno burguesa (argh ...) às minhas filhas.
É interessante como o nosso pensamento nos leva longe ... Quando comecei a escrever esse post ia falar de uma manchete que li num site local e diz que o "menino que assaltou a casa do delegado foi preso quatro vezes em 10 dias". Por uma estranha razão, eu penso sempre nesses meninos desgarrados da sociedade e transformados prematuramente em "bandidos perigosos". Penso nos viciados, nos alcóolatras e, sinceramente, não sei como ajudá-los, mas sinto que não posso seguir a minha vida indiferente, apenas preocupada em pagar minhas contas e conseguir ... status social.

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