domingo, 31 de agosto de 2008

Pesar

Não posso deixar de registar aqui a violência contra uma pessoa da minha família, um jovem, que mora em Campo Grande. Não sei detalhes do ocorrido, mas não importa: é mais uma daquelas histórias típica do tipo jovem olha para meninas num bar, é espancado covardemente por um grupo de imbecis e vai parar no hospital.
Nem tenho o que comentar a respeito disso. É uma coisa que me faz tão mal mesmo quando os personagens me são desconhecidos, o que dirá quando têm rosto, nome e voz?
Não tenho esperança de que esse tipo de coisa vá acabar, mas acho que ter punição exemplar para quem espanca alguém por motivo fútil já ajudaria.
Espero que a vítima não se torne refém dessa violência e consiga afastar do seu coração a sede de vingança ou o horror dessa experiência.

De malas quase prontas

Amanhã, no fim da tarde, embarco pra SP e no dia seguinte eu me encontrarei com o grupo de jornalistas e assessores da Bayer CropSciense com quem conviverei até domingo de manhã, numa viagem à Alemanha e a uma cidade (Gent) da Bélgica. Maravilha, ?
Pois é, adoro viajar. Está no sangue. Meu pai viajava muito (era comerciante no rio Paraguai na primeira metade do século passado) e praticamente todo mundo na minha família ama viajar.
É claro que a gente fica com um friozinho na barriga, preocupada com as pessoas (leia-se filhas) e compromissos que deixa, mas mesmo assim é muito bom e, como já disse antes, é uma das coisas que mais gosto na minha profissão: a oportunidade de conhecer lugares e pessoas novas, de viver novas experiências.
A única vez que visitei essa parte da Europa foi há muito tempo, quando ainda era uma adolescente de 17 anos e tive a oportunidade de fazer um tour fantástico por alguns países europeus, inclusive a Alemanha. Se não me falha a memória, dormimos em Frankfurt e percorremos parte do país de ônibus. Não foi o meu lugar preferido na época: Itália, Inglaterra, Espanha, Holanda e, principalmente, França, disputaram esse posto, com ligeira vantagem para o último.
Depois disso, conhece muitos alemães e até mantive uma amizade muito legal com um casal que viveu em Cáceres por alguns anos. Infelizmente, perdemos contato.
Mas estou muitíssimo curiosa para revisitar esse país, que alia tecnologia, conforto, beleza e história.
Na medida do possível, procurarei trazer novidades para o blog, mas não posso prometer, já que não disponho de um notebook.
Torçam por mim! Tenho certeza de que não voltarei exatamente a mesma pessoa desta viagem.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Em busca de um projeto de vida

Nem sempre tenho o tempo que gostaria para escrever. Ou estou no trabalho (ultimamente quase não tenho escrito no trabalho) ou estou em casa e tem duas adolescentes loucas para usar o computador. Sim, nós ainda dividimos o mesmo computador. Ainda não tive condições de comprar o "meu" notebook. Eu chego lá ...
Só queria falar um pouco de um tema que ocupou parte do meu pensamento hoje. Li em algum lugar alguém dizendo que a maioria dos jovens brasileiros não tem projeto de vida e comecei a me dar conta de que não tenho um projeto de vida. Não pensava em ter filhos e tenho, não pensava em voltar a morar em Mato Grosso e moro. Quero sair daqui e não quero. Uau!
Tive na adolescência o vago sonho de viver num mundo mais justo e onde todas as pessoas tivessem pelo menos chances iguais, mas não consegui acreditar pra valer em nenhum dos movimentos sociais com os quais flertei. Tenho um projeto de ser leal, autêntica e viver de acordo com o meu coração, mas volta e meia desqualifico esse meu tosco projeto que é, em parte, responsável pela minha insegurança financeira.
Enfim, qual é o meu projeto de vida? Você tem o seu?

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Cheiro de fumaça

Sinto um vento de chuva e isso me enche de alegria. Hoje, à tarde, minha filha me mostrou restos de fuligem na escada do nosso prédio e disse que o caminho até a sua escola (umas quatro quadras) estava cheio de fuligem.
Que loucura! Até onde vai a imbecilidade humana? Tudo bem que há incêndios acidentais, mas a maioria é provocado. A cidade está um forno e as pessoas ainda botam mais lenha na fogueira.
É complicado morar numa cidade onde o clima é irrespirável três meses por ano. E isso não é de agora. No meu livro, a protagonista, D. Estella, conta que era difícil morar em Cáceres no mês de agosto por causa da poeira. Isso há 80 anos.
Minha empregada, que mora num bairro sem asfalto, vive gripada, com uma tosse seca. Dá uma pena. Fico pensando nas crianças e pessoas idosas.
A chuva, se vier, alivia esse mal estar, mas não resolve.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Encontro

Com a profusão de assuntos dos últimos dias acabei não registrando um encontro muito legal que tive sábado no Chorinho com uma ex-aluna. Não vou dizer o nome dela, mas o bonito é que não me lembro de ter lhe dado aulas mais que um semestre (foi na disciplina História da Imprensa no Brasil) e nem achava que ela fosse muito com a minha cara. Mas no sábado, quando nos encontramos, ela me deu um abraço, falou sobre o que está fazendo e me agradeceu por tudo que lhe ensinei. Foi tão comovente esse encontro, tão maravilhoso! Durou poucos segundos, mas foi muito intenso.
Aprendi a gostar de dar aulas quando comecei a ensinar de forma meio improvisada no curso de Letras da Unemat, em Cáceres. Isso aconteceu em 1993. Desde então, dei aulas no curso de Letras (vários semestres), ensinei inglês e francês, e dei aulas de jornalismo na UFMT e na Unic. Tive momentos muito gostosos, de sintonia profunda com alunos, e naturalmente enfrentei também momentos difíceis, alunos vagais, outros que tentam fazer a gente de besta, etc. Mas, sinceramente, se eu pudesse (ganhasse razoavelmente bem e pudesse ter continuado no curso da UFMT - como substituta, meu contrato foi de dois anos) não deixaria de dar aulas, porque, por mais incrível que às vezes me pareça, parece que tenho alguma coisa pra ensinar!

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Fim de caso

Isto aqui está parecendo fotonovela (só faltaram as fotos). Só pra botar um "ponto final" nesse romance barato, quero contar a vocês que ontem recebi uma mensagem do gajo, dizendo, entre outras coisas, que está numa fase de "pássaro livre" e pedindo pra que eu não ficasse chateada com ele.
Em primeiro lugar, ele achou o que? Que eu queria casar ou pensava que a gente ia namorar "firme"? Enfim, é estranha a idéia de liberdade dos homens de hoje: é poder conhecer o maior número possível de mulheres, ficar com umas e outras, e não conhecer realmente ninguém. Eu só imaginei que poderíamos curtir mais alguns momentos juntos já que ele me pareceu tão encantado com minha companhia ... Ledo engano. A fila anda ...
PS. Não pretendo discutir todos os meus "affairs" neste espaço. É que esse aqui meio que me bagunçou o coreto.

domingo, 24 de agosto de 2008

Romances modernos

Esta, acredito, é minha última postagem do dia, em que vou tentar falar de um outro assunto que esta me machucando. É fato notório a volatilidade dos romances de hoje, a facilidade do ficar, do sexo casual que nos cria armadilhas das quais dificilmente conseguimos escapar ilesas.
Pois é, caí numa armadilha dessas esta semana. E não adianta ler todos aqueles textos engraçados que circulam pela internet contando como devemos lidar com esses "romances" meteóricos. A gente não aprende ... O cara chega com uma lábia, dizendo que você é "maravilhosa", "iluminada" e a gente acaba acreditando que tudo aquilo pode ser mais do que uma simples "ficada". A gente quer acreditar que aquele cara, tão lindinho, é mais do que um bom papo. Talvez nem ele mesmo esteja feliz com essa volatilidade, essa abundância de mulheres ávidas por encontrar um cara bonito, gostoso e bom de papo. Talvez um dia (ou até hoje mesmo) ele se sinta vazio depois de mais uma conquista, mais um número na sua lista.
Tento racionalizar e pensar como "ele", mas não consigo. O sentimento de decepção é mais forte por mais que o momento tenha sido bom demais.
Resumindo a história: ontem reencontrei esse cara no Chorinho e percebi que eu era apenas mais uma ... Procurei me distrair, dancei com outras pessoas, cantei, me diverti, embora estivesse com o coração pesaroso por outro fato relatado no post anterior. Flertei com ele (que palavra mais antiga), dançamos juntos, até pintou um clima, mas quando uma amiga que estava por dentro da história me disse "vai à luta, para ele tanto faz"(leia-se ficar com você ou qualquer outra), resolvi tirar meu time de campo. Como assim? Tanto faz? Decididamente, não é o tipo de cara que quero e não dou conta de fazer esse jogo pra ter mais uma noite de prazer. Ele também está fadado a ser mais um na minha lista.

Recomeçar ...

O pai das minhas filhas está em Cuiabá depois de ficar mais de um ano sem vê-las. Não vou entrar em detalhes sobre a história. O que quero aqui compartilhar é o meu sentimento, que é contraditório e me faz sofrer. Quando soube que ele ia chegar fiquei muito feliz por minhas filhas, mas aos poucos foi surgindo um sentimento de raiva. Racionalmente sei que ele está enfrentando uma situação financeira complicada, mas fico muito puta pelo fato de essa ausência - física, psicológica, emocional e também financeira não ser questionada. É como se todos (a família dele, os amigos, as filhas) ficassem tão felizes com o pouco que ele pode dar e ninguém entendesse (ou pensasse) no meu lado.
Sei lá, às vezes, acho que as pessoas pensam que sou forte demais. As pessoas me vêem trabalhando, cantando no coral, indo pra aula de yoga, cuidando das meninas, indo por Chorinho, saindo, viajando, e imaginam que eu esteja bem demais. Eu me esforço... Mas confesso que dói pensar nesse casamento que colocou minha vida de cabeça pra baixo, me deu duas filhas lindas, me proporcionou anos maravilhosos, mas acabou. Eu sei que acabou porque o homem que eu amei tanto se mostrou incapaz de gostar das coisas que eu gosto, de me aceitar como sou. Na verdade, enquanto vivemos bem, eu sempre procurei muito mais me adaptar à sua vida, à sua cultura, aos seus amigos, seu mundo ...
Cada vez mais eu me toco de quanto gosto de música e literatura: de ouvir música, cantar, dançar, escrever. E o meu ex não fazia parte disso ...
Fiz uma pausa aqui para ouvir um samba lindo que estava tocando no rádio, dizia "Recomeçar ..."
Acho que é isso que tenho tentado fazer nesses últimos oito anos, recomeçar ... Mas é difícil, se livrar dos penduricalhos, das mágoas, e focar somente no lado bom das coisas.

Minha estréia como "cantora"

Estou aqui no começo de uma tarde de domingo, quente pra burro, com o coração em polvorosa. Não sei se conseguirei ser ousada a ponto de abri-lo, mas vamos lá.
Vou começar pelas coisas boas: ontem fui ao Chorinho e, num sábado (fica muito cheio), tive coragem finalmente de pegar o microfone e cantar três músicas (como tem muitos "cantores", ficou convencionado que cada um tem direito a três canções). Foi ótimo! Recebi elogios e me senti muito confortável cantando. Fiquei com vontade de cantar mais! Na verdade, tem gente que pega o microfone e canta super mal, mas aí imagino que fica todo mundo pensando: "que cara mala! Será que não tem desconfiômetro?" Esse era o medo, mas senti que algumas pessoas - mais jovens - até se aproximaram quando cantei logo depois de um carinha que cantou pagode.
Vocês devem estar se perguntando que músicas cantei? "Sem compromisso", "Samba de Orly" e ... "A Rita". Só Chico! Que coincidência ... Enfim, acho que esse é o meu estilo.
Tem uma moça que está sempre no Chorinho e que já é cantora profissional, Luciana Bonfim. Ela é ótima! Uma intérprete e tanto. Tem um vozeirão! Mas o estilo dela é é uma mistura de Ellis Regina e Maria Rita. Enfim é outra coisa. Eu estou mais, modéstia à parte, para Nara Leão, minha eterna musa.
Acho que vou abrir outro post falando dos outros assuntos. Ah ia me esquecendo de dizer que o fato de estar cantando em dois corais foi fundamental para que eu ousasse enfrentar o público do Chorinho. Cantar no coral me dá a certeza de que não sou desafinada e as técnicas vocais que a gente vem trabalhando me dão mais segurança ao cantar. Aí é uma questão de relaxar, deixar a interpretação fluir e ... gozar!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Eleições (argh)

Começou a temporada de propaganda eleitoral. Eleição é sinônimo de democracia, da possibilidade de escolher seu representante seja no executivo ou no legislativo. Mas faz tempo que não consigo me empolgar muito. São tantas as decepções ... Temos que ser pragmáticos e na maioria das vezes escolher o menor pior mas com chances de vitória ou votar no "melhor" mesmo que ele não tenha chances?
Sei não. Faça o que seu coração mandar e tudo bem.
Hoje, por coincidência, fiquei sabendo de duas histórias envolvendo eleições. Vou contar o milagre sem contar o santo. Numa delas, o "cabo eleitoral" de um candidato de prefeito convida adolescentes que são suas colegas a participar de um comício com promessa de ingresso para uma festa num point da capital. Na outra, o candidato também a prefeito (reeleição) deixa obras inacabadas e joga com a idéia de que só serão completadas se ele for eleito (é claro). Pura sacanagem!
E aí, denunciamos o fato à Justiça Eleitoral? Sinceramente, não sei se vale a pena.
Estou muito cética. Acho que é o calor ... ou será a idade?
Por falar em idade, ainda me lembro do meu primeiro voto: o pastor Lisâneas Maciel no Rio de Janeiro. Ele representava a oposição ainda durante a ditadura militar. Já morreu, mas nem sei se foi realmente digno do meu voto. Naquela época, tudo parecia mais simples. Quem era a favor da ditadura, era do mal; quem era contra, era do bem. Hoje o buraco é bem mais embaixo!

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Mudanças

Vocês não fazem idéia (alguns talvez façam) do calor de Cuiabá! Chega a ser monótono. Você encontra com as pessoas e o papo sempre rola mais ou menos assim: "Quente, né?". "Pô, quente pra burro. E como está seco!" Enfim acho que papos sobre o tempo deviam ser abolidos.

Uma vez li uma crônica muito engraçada do Luís Fernando Veríssimo em que ele descrevia um papo sobre o tempo no elevador e o verdadeiro papo que estava por trás daquela conversa - sobre sexo.

Ah, como é bom ser escritor! Ou melhor, como deve ser bom! Poder deixar a imaginação fluir, pensar no inusitado, criar uma situação totalmente nova e inesperada. Hoje, quando subi o elevador, me lembrei subitamente de Charles Dickens. Que força criativa, que disposição para escrever tantos romances numa época em que não tinha computador, nem luz elétrica!

Eu me lembro também de um filme que vi sobre o Marquês de Sade em que ele usava seu próprio sangue e fezes (argh...) para escrever nas paredes de sua prisão.

O pensamento do Dickens veio logo depois de um outro pensamento. Se eu não trabalhasse mais como jornalista, o que gostaria de fazer? Talvez trabalhar numa ONG daquelas que lidam com crianças, artes ou qualquer tipo de trabalho social. Eu poderia dar aulas ou até atuar com alguma coisa relativa à redação.

É claro que adoraria trabalhar só com música, mas essa opção não vale. É fantasiosa demais! Imagine se eu cantasse em vários corais, trabalhasse só com músicos e ainda ganhasse para isso!

Gosto de lidar com gente. Não tenho vontade de ter um ofício solitário que me obrigue a ficar sozinha em casa o dia inteiro. Mas até que a idéia de poder trabalhar meio período em casa não seria tão ruim ... Não em Cuiabá!

Uma coisa é certa: é hora de mudar!

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Gratidão

Confesso que estou bem em dúvida sobre o que escrever. Tantas coisas aconteceram desde o último post. Não foram coisas transcendentais ou dignas de sair no jornal, mas pertinentes a um blog no estilo que venho construindo. Às vezes fico meio grilada de ficar olhando demais pro meu próprio umbigo, mas este espaço é meu (embora adore compartilhá-lo) e o único risco que corro é de perder meus parcos leitores.

Eu gostaria de falar um pouco sobre o filme a que assisti em SP e que mexeu muito comigo: "O escafandro e a borboleta". Para quem não viu ou não conhece o livro (aliás, um raro caso em que o filme superou o livro, na minha opinião), trata-se da história de um jornalista, redator-chefe da revista "Elle" (badaladíssima), que tem um ACV aos 43 anos, assim do nada. O interessante é que a história é contada por ele mesmo graças a um método ao mesmo tempo simples e engenhoso criado por uma das profissionais que o assistem. Ela vai citando as letras do alfabeto começando com as mais usadas na língua francesa (aliás, nesse ponto a tradução fica muito estranha). No momento em que diz a letra que o jornalista quer, ele pisca. O processo é lento, mas aos poucos ambos (quem dita e o doente) vão ficando mais ágeis. É fantástico e é dessa capacidade de expressão que o autor (Jean Do) tira seu título: ele se sentia como num escafandro, enclausurado, sem poder se comunicar com o mundo, e de repente se sente como uma borboleta, que passa por um incrível processo de metamorfose.

É estranhamente assustador pensar que qualquer um de nós - eu, você - pode passar por uma situação dessa, ficar paralisado, sem qualquer tipo de movimento e ainda sem voz. É ao mesmo alentador conhecer a história de uma pessoa que superou seu "enjaulamento".

O que é mais complicado ainda é saber que tenho voz, gestos e outras formas de expressão e muitas vezes não consigo comunicar o que sinto! Sei escrever - dizem que escrevo bem, com o coração - e não consigo expressar o meu eu mais profundo!

Hoje, caminhando no fim da tarde para minha aula de yoga, eu estava muito triste pensando em quem sou de verdade e no quanto eu me revelo para as pessoas. Fiz uma aula muito gostosa, sentindo o calor das lágrimas rolando no meu rosto, e depois fui para o ensaio do coral Cantorum, meio desanimada, porque o lugar onde estávamos ensaiando era terrivelmente quente e inóspito. Mas para minha surpresa houve uma mudança no local de ensaio (estamos agora numa sala no Cefet com ar condicionado, ventilador, iluminação boa, água, etc) e começamos a ensaiar uma peça nova: a continuação da Missa do Gilberto Nasser, nosso colega de coro. Foi muito gostoso! Foi como um reencontro com o Cantorum. Saí de lá bem mais feliz e me sinto grata por poder usar a minha voz e poder estar aqui contando tudo isso pra vocês.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Aventuras em Sampa

Vou aproveitar que tenho alguns minutos no cartão para atualizar meu blog. Estou com uma saudade dele e de vocês, leitores assíduos ou nem tanto.
Hoje encaro um dia tipicamente paulista: chuva e frio. É engraçado que anteontem o motorista de táxi me disse que a temperatura estava subindo. Fiquei feliz, mas nem tanto. Qual é a graça de enfrentar calor em SP quando vivo na "hell city"?
Estou num hotel perto do Parque Trianon e da Av. Paulista, bem localizado. Imaginem que ontem, meu dia de folga, peguei o metrô, fui na 25 de Março ver umas encomendas das minhas filhas, depois fui caminhando até a Estação da Luz, conheci finalmente o Museu da Língua Portuguesa (fique emocionada, juro), depois peguei o metrô de volta à Paulista, fui na redação de uma revista para a qual fiz um frila recente e fui me encontrar com minha sobrinha-neta Valéria (aquela do livro "Depois daquela viagem", um tremendo best-seller traduzido para o espanhol, e alemão), no escritório da agência de notícias para a qual está trabalhando e que ficava em frente, no conjunto nacional. Tomamos um café na Livraria Cultura e depois caminhei de volta pro hotel. Tomei um banho e fui me encontrar com amigos da Unemat (Cáceres) no restaurante "Sujinho", que não tem nada de "sujinho".
O detalhe ruim é que demorei muito pra dormir apesar dessa maratona toda. Não sei se foi a bisteca que pesou demais. Não costumo comer carne à noite, mas não tive tempo pra almoçar direito.
Bom e quanto ao trabalho? Ah, é estranho, cobri o Congresso da Associação Brasileira de Agribusiness com o tema "Sustentabilidade" e a sensação que tenho (e que me entristece um pouco) é que as pessoas discutem muito sustentabilidade, porém - como vou explicar - ainda é muito uma coisa de imagem. É moderno se discutir sustentabilidade. Homens engravatados, endinheirados, juntam-se num evento para falar de negócios, fazer política, comer e beber bem, e "discutir" sustentabilidade. Essa é a minha visão. Não sei até que ponto vou conseguir passar isso na matéria que vou escrever para a revista. Esse é o mundo real e não o mundo romântico em que todos realmente pensam no bem do próximo e das futuras gerações. Sustentabilidade é apenas mais um negócio.

sábado, 9 de agosto de 2008

Sampa

Como boa carioca, sempre tive uma relação complexa com São Paulo. No final da minha adolescência, eu adorava visitar SP. Fui algumas vezes para reencontrar o meu grande amor na época, um gaúcho que morava em SP, mas a maioria das vezes ia visitar minha sobrinha, Bernadete. Que boas lembranças guardo dessa época! Não sei por que, mas parece que tudo em SP era mais intenso, como uma visita que fizemos uma vez a Perus, uma localidade muito marcada pela repressão no governo militar.
Depois que Dete mudou para os EUA, tive uma longa fase de distanciamento total de SP, que foi agravada com a minha mudança para o interior de MT. São Paulo nunca mais! Quando eu conseguia sair de Cáceres, ia correndo para o Rio de Janeiro. Mas ultimamente, por causa do meu trabalho como repórter de agronegócio, tenho visitado mais SP e esta semana irei pela terceira vez em três meses à capital. Vou ficar quase uma semana, com direito a um dia livre, que espero que seja interminável porque tenho muito planos: ir a um museu, ao cinema, rever amigos, enfim, curtir aquela coisa bacana de cidade cosmopolita, com seus problemas, é claro, mas ainda sim, charmosa e interessante.
Só lamento o que perco em Cuiabá: meu ensaio do Coro Cantorum, minhas aulas de yoga e inglês, e a convivência com minhas filhas. Por isso, sempre que viajo fico ao mesmo tempo feliz e com o coração um pouco apertado. Talvez seja difícil também colocar o blog em dia, infelizmente, já que não tenho ainda um notebook. É o meu maior sonho de consumo no momento.
Well, na medida do possível vou atualizando este espaço. Prometo!

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Dia dos Pais

Não pensem que vou entoar loas ao Dia dos Pais. Com todo o respeito aos pais, principalmente aos que exercem com dignidade esse papel, quero aproveitar este espaço para reclamar do excesso de exploração dessas datas pelo comércio.
Você liga a TV é só comercial a respeito do Dia dos Pais, sempre apelando para o sentimentalismo e para uma relação idílica entre pais e filhos. Com o Dia das Mães e dos Namorados não é diferente.
Não ganhei presente do Dia das Mães este ano e juro que não fiquei triste porque passei a data como queria, com minhas filhas. Se elas ainda não trabalham para ter seu próprio dinheiro e se a mãe estava sem dinheiro, como iriam comprar um presente?
Mas isso não importa. Difícil - e aí que chego no ponto - é lidar com essa pressão comercial quando você não tem pai. Sofri muito quando era pequena com essa ausência. Era presentinho, apresentação na escola, situações variadas que demonstravam a insensibilidade de professores e nas quais eu me ressentia de não ter um pai vivo. Mal sabia que muitas pessoas têm e não têm. Não sei o que é pior.
Hoje não sofro mais com isso, mas sofro por minhas filhas que estão distantes do pai (por razões alheias à nossa vontade), pelo namoradinho da minha filha que perdeu o pai de uma forma trágica este ano e por todas as crianças que, como eu, vivem a angústia de não ter a quem dar seus presentes, abraços e beijos.
Se eu pudesse dizer alguma coisa a qualquer uma delas, diria: ame seu pai, procure "estar" com ele nesse dia e em todos os outros, mesmo que ele esteja ausente ou distante. Se não for possível, encontre um pai substituto (sei que não é fácil; eu bem que tentei e até achei que tinha por um período). Se precisar chore um pouquinho, mas não deixe que esse sentimento derrube você.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Instituto Benjamin Constant

Minha irmã Jane, leitora atenta e sagaz, me informa que o Brasil também oferece cursos de massagens para cegos, além de alternativas para deficientes visuais no Instituto Benjamin Constant, no Rio. O comentário foi feito por causa do post intitulado "Olhos" em que mencionei uma reportagem da Rede Globo sobre cursos de massagem para cegos na China.
Para quem não conhece, o IBC é uma instituição vinculada ao MEC, que funciona num belo e antigo prédio na Avenida Pasteur, no bairro da Urca, no Rio de Janeiro, bem perto da Escola de Comunicação da UFRJ, onde me graduei.
A menção ao Instituto me lembra um episódio engraçado ocorrido há muitos anos, exatamente na minha festa de 15 anos. Na época, duas das minhas sobrinhas, eram voluntárias do IBC onde liam para cegos. Na tarde da minha festa, aconteceu uma festa junina na instituição, da qual participaram alguns surdos-mudos também. Por alguma razão, minhas sobrinhas convidaram alguns de seus novos amigos para minha festa, que embora tenha sido realizada no apartamento em que eu morava com minha mãe, foi concorridíssima. Como muitas pessoas não se conheciam ficou uma certa confusão porque ninguém sabia quem era surdo-mudo e quem não era. Foi uma festa de 15 anos memorável.
Talvez minha mãe não tenha gostado tanto porque em um dado momento a mesa da sala de jantar simplesmente despencou devido ao grande número de pessoas (surdas ou não) que resolveram se apoiar nela. Bons tempos em que se fazia uma festa em um apartamento e se podia convidar tantas pessoas, mesmo que praticamente desconhecidas.

domingo, 3 de agosto de 2008

Reiki

Aconteceu uma coisa muito legal comigo esta semana: redescobri o Reiki, uma arte de cura com as mãos. Na verdade, nunca botei muita fé no Reiki. Fiz o curso de iniciação (Reiki 1 e 2) há oito anos, quando ainda morava em Cáceres. Foi muito prazeroso. Ao longo do tempo apliquei Reiki em mim e, eventualmente, nas minhas filhas, e uma única vez na minha irmã, no Rio.
Esta semana estava passando pela estante quando o livro "Reiki essencial", de Diane Stein, que devo ter comprado na época do curso, me "sorriu". É, isso mesmo, de uma pilha de livros, ele chamou minha atenção. Eu nem me lembrava de que tinha esse livro. Comecei a ler e estou adorando! Curiosamente na sexta-feira, na recepção da minha acupunturista, peguei uma revista para folhear e lá tinha uma matéria sobre o Reiki.
Bom, entre outras coisas interessantíssimas, a autora Diane Stein diz que não é preciso acreditar no poder de cura do Reiki para aplicá-lo com sucesso: uma vez "iniciada" a pessoa se torna um agente de cura. Se é assim por que não usar essa técnica? Vou recomeçar a fazer o processo de autocura e quem sabe aplicar em outras pessoas.
Ah, um detalhe legal: quando fiz o curso de Reiki participei de uma atividade em que cada um pegava uma carta com uma mensagem. A minha foi "Compartilhe". Tem tudo a ver.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Olhos

Dizem que os olhos são espelhos da alma. Dizem também que a gente pode seduzir um homem olhando fixamente em seus olhos por alguns instantes. Ainda não experimentei para ver se essa tática dá certo. Se bem que outro dia eu me permiti olhar por alguns segundos para um cara e conseguimos estabelecer uma relação bem interessante.
Comecei a falar dos olhos porque sinto que os meus estão um pouco cansados, embaçados. Talvez seja um pouco por culpa do clima, desse ar seco que nos deixa com a garganta, a pele, a alma meio seca. Minhas lentes de contato grudam nos meus olhos e sinto vontade de arrancá-las. Sem elas enxergo muito pouco e fico limitada à minha casa.
Outro dia fiz um desenho de mim num curso de PNL e meu auto retrato tinha olhos tristes. É impressionante como sou transparente. Quando estou feliz meus olhos brilham, se abrem, mas quando estou triste ou desanimada, eles ficam pequenos, caídos.
Os olhos são espelhos do nosso interior. E o meu espelho é meio frágil porque precisa de lentes de contato para poder ver o mundo. Isso acaba de alguma interferindo no que ele reflete para o mundo.
Mudando quase totalmente de assunto, a China é um país muito louco e cheio de contrastes. Ontem vi uma matéria no Jornal Nacional sobre a escola de massagem para cegos. Achei muito interessante que se dê a oportunidade de aprender uma profissão a quem é deficiente visual. A massagem é uma coisa fabulosa e é incrível que pessoas que não enxergam possam utilizar suas mãos numa ocupação tão nobre.
Também adoro fazer massagem e sinto que ando menosprezando o poder das minhas mãos. Elas não servem apenas para teclar ou dirigir carros. Elas são muito mais.

Fantasmas

Hoje, pela manhã, quando me dirigia à minha sessão de acupuntura, comecei a pensar em algumas vítimas de mortes violentas ocorridas nos últimos meses no Brasil. Os três rapazes do Morro da Providência no Rio, a menina Isabella, o menino morto a tiros por PMs "por engano" também no Rio, o pedreiro morto por um PM há poucos dias numa delegacia de Sinop (MT), o PM arrastado por bandidos ontem em SP, a inglesa morta e esquartejada pelo namorado em Goiânia ... Fora o caso daquela menina que era torturada pela patroa em Goiânia.
São casos que vieram a público, mas penso também nas vítimas silenciosas que sofrem violência diária em casa, nas ruas, nas delegacias e cadeias. Fora as vítimas da fome, da miséria, da falta de atendimento nos hospitais, da ignorância ...
Sinceramente, quero manter minha mente tranqüila e em alto astral, mas não consigo e nem sei se posso deixar de pensar em todas essas pessoas.
Hoje não trago soluções, nem palavras de entusiasmo, quero apenas compartilhar minhas angústias mais básicas.