O pai das minhas filhas está em Cuiabá depois de ficar mais de um ano sem vê-las. Não vou entrar em detalhes sobre a história. O que quero aqui compartilhar é o meu sentimento, que é contraditório e me faz sofrer. Quando soube que ele ia chegar fiquei muito feliz por minhas filhas, mas aos poucos foi surgindo um sentimento de raiva. Racionalmente sei que ele está enfrentando uma situação financeira complicada, mas fico muito puta pelo fato de essa ausência - física, psicológica, emocional e também financeira não ser questionada. É como se todos (a família dele, os amigos, as filhas) ficassem tão felizes com o pouco que ele pode dar e ninguém entendesse (ou pensasse) no meu lado.
Sei lá, às vezes, acho que as pessoas pensam que sou forte demais. As pessoas me vêem trabalhando, cantando no coral, indo pra aula de yoga, cuidando das meninas, indo por Chorinho, saindo, viajando, e imaginam que eu esteja bem demais. Eu me esforço... Mas confesso que dói pensar nesse casamento que colocou minha vida de cabeça pra baixo, me deu duas filhas lindas, me proporcionou anos maravilhosos, mas acabou. Eu sei que acabou porque o homem que eu amei tanto se mostrou incapaz de gostar das coisas que eu gosto, de me aceitar como sou. Na verdade, enquanto vivemos bem, eu sempre procurei muito mais me adaptar à sua vida, à sua cultura, aos seus amigos, seu mundo ...
Cada vez mais eu me toco de quanto gosto de música e literatura: de ouvir música, cantar, dançar, escrever. E o meu ex não fazia parte disso ...
Fiz uma pausa aqui para ouvir um samba lindo que estava tocando no rádio, dizia "Recomeçar ..."
Acho que é isso que tenho tentado fazer nesses últimos oito anos, recomeçar ... Mas é difícil, se livrar dos penduricalhos, das mágoas, e focar somente no lado bom das coisas.
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