quinta-feira, 10 de abril de 2008

Quase feliz

Por que é tão difícil equilibrar nossas contas? Sei que essa dificuldade não é só minha, porém isso não serve de consolo. Assisto a todos aqueles programas do Globo Repórter mostrando exemplos (bons e maus) de pessoas lidando com o assunto orçamento doméstico. Leio e ouço com atenção todas as reportagens sobre o mesmo tema e na teoria já sei tudo o que se deve e não se deve fazer: refinanciar cartão de crédito, pegar empréstimos bancários, gastar mais do que se ganha, poupar 10% do que ganhou todo mês. Mas na prática não consigo resolver o nó financeiro da minha vida. E o pior é que estou num momento crucial em que sei que deveria estar reservando alguma coisa para a minha aposentadoria. Nessas horas só peço que tenha forças para continuar trabalhando até morrer e, pelo menos, garantindo alguma entrada de dinheiro todo mês.
Não sei quando exatamente comecei a fazer besteiras, mas sei que em parte essa situação é fruto de uma criação em que a questão financeira não era encarada com a importância devida. É como se alguém sempre fosse me prover de alguma forma, embora eu tivesse a consciência antes de completar 20 anos que a independência financeira era fundamental para garantir a minha independência total (emocional, afetiva, política, etc).
Nunca sonhei ser rica demais, nunca fui ambiciosa. Sempre quis pagar minhas contas e ter dinheiro suficiente para ter uma casa confortável, poder viajar de vez em quando. O luxo nunca foi meu objetivo. Fiz várias escolhas ao longo da minha vida guiada pelo desejo de trabalhar num lugar agradável e onde não fosse obrigada a fazer nada que contrariasse meus princípios. Joguei carreira e uma vida razoavelmente organizada no Rio em nome de um grande amor. Mas o que me impressiona é que continuo sofrendo diariamente por não saber como vou chegar no final do mês e, ao mesmo tempo, tenho consciência de que poderia trabalhar mais, ganhar mais.
Escrevo isso aqui porque realmente gostaria de sair dessa situação. É uma situação que me envergonha, me joga pra baixo, num momento em que, apesar de tudo, estou me sentindo quase feliz.

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