segunda-feira, 7 de junho de 2010

Novos tempos

Quando nasci minha mãe tinha 44 anos e ela ficou viúva aos 49 anos. Era uma mulher muito bonita, porém a lembrança que tenho dela nessa época era de uma pessoa velha. Assim que meu pai morreu, botou luto fechado e demorou um bom tempo para que voltasse a vestir alguma roupa de cor (assim mesmo só tons neutros e claros). Pouco saía ou se divertia. Era uma pessoa bem humorada, sagaz, mas era sobretudo uma pessoa do lar, que gostava de reunir as pessoas em volta da mesa de almoço e jantar. 
Por que estou falando sobre isso? Porque cada vez mais me dou conta do quanto o mundo mudou nos últimos 50 anos no aspecto doméstico. Na quinta-feira passada, eu estava super orgulhosa de reunir minhas duas filhas e meu "genrinho" em volta de um bolo recém saído do forno. Fiquei orgulhosa também de ver a "minha" receita de mousse de chocolate (na verdade, a mousse da tia Jane) replicada por todos os cantos (as meninas e suas amigas adoram). E só.
Segui em outro rumo: mal sei cozinhar e às vezes lamento não ter o dom de oferecer a meus amigos e à minha família um almoço como os da minha mãe. Fazer o quê? Cada um nasce com um dom e parece que não herdei o da minha mãe - e tampouco quis aprender com ela a arte da culinária.
O mundo mudou. Hoje os encontros acontecem em restaurantes ou então contrata-se um profissional (ou mais de um) para preparar a comida da moçada, como ocorreu nos dois almoços dos quais participei nos últimos domingos. 
Sinceramente? Sinto nostalgia dos almoços preparados por minha mãe, mas prefiro curtir a festa à minha maneira: cantando, dançando e bebendo. No máximo, se precisar, posso dar uma força com a louça depois ou então levar uma sobremesa. Nesse sentido contrario minha xará, Marta, irmã do Lázaro, aquele que Jesus viria a ressuscitar. Conta a Bíblia que ela foi se queixar a Jesus que sua irmã Maria só estava curtindo a presença Dele, enquanto ela trabalhava e corria de um lado para outro. Jesus lhe respondeu que Maria tinha escolhido a melhor parte. Eu também. 
"Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; 
E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada"
(Lucas 10:41b-42).




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