sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Confissões de adolescente

Acho que não sou daquelas pessoas que causam impacto de cara. Não sou especialmente engraçada, extrovertida ou meio maluquete. Tenho a impressão de que conquisto (ou sou conquistada) pelas pessoas aos poucos.
Isso não explica exatamente o que senti no grupo de jornalistas durante a recente viagem à Europa, mas é como se eu sentisse a obrigação de ser muito interessante ou espirituosa, e tivesse a consciência de não sê-lo.
É engraçado que essa é uma sensação muito presente na minha vida. Em raros momentos ou situações eu me senti o centro das atenções ou como a pessoa que brilha, e mesmo quando eu fui o centro (por exemplo, nos lançamentos do meu livro) tinha uma sensação de estranhamento, como se eu não fosse digna de estar ali e que as pessoas iam acabar descobrindo que eu não era assim tão interessante.
Eu quero brilhar, sinto que tenho um brilho (todo mundo tem), mas dificilmente vejo ou deixo esse brilho vir à tona. Tanto é que sempre me surpreendo quando as pessoas me elogiam ou se aproximam de mim.
Quando eu era adolescente convivi bastante com duas pessoas da minha família, quase da minha idade, que me pareciam lindíssimas, atraentes e carismáticas. Eu me sentia tão sem graça e apagadinha perto delas. Nessa época conheci um menino muito lindinho - exatamente na minha primeira viagem à Europa - que ficou a fim de mim e me disse que tinha gostado de mim desde o primeiro momento. Diante da minha surpresa, ele disse que tinha aprendido com seu pai que é preciso que a gente se goste, dê valor a si próprio para que os outros nos dêem valor. Foi uma lição de ouro, que nunca mais esqueci, mas hoje, passadas algumas décadas, continuo com uma enorme dificuldade para colocá-la em prática. Quem sabe na próxima encarnação?
PS. Tenho um diário maravilhoso da excursão na Europa que fiz aos 17 anos e na qual conheci meu primeiro grande amor.

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