quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Cuiabá se prepara para a Copa de 2014

Uma das coisas que mais me marcaram no livro "Abusado" de Caco Barcelos foi a ideia de que bandidos não se regeneram (com raríssimas exceções): eles apenam migram de atividade, como outras pessoas trocam de emprego, de ramo. Está complicado traficar, o povo vai para o "asfalto" assaltar; o ramo de assaltos a banco não anda rentável, passa-se a sequestrar, e assim por diante.
Quando vejo a policia de algumas cidades reprimindo mais duramente o crime organizado e fazendo limpeza na própria polícia (pelo menos, na teoria), logo me preocupo se isso não vai significar um aumento de crmininalidade em outras cidades, principalmente naquelas em que corre dinheiro, mas a segurança pública está a anos luz de qualquer coisa organizada.
A insegurança em Cuiabá é algo de notável, infelizmente. Minha amiga me diz por telefone, quase en passant, que sua casa, situada num bairro nobre da capital, foi assaltada. Os prejuízos foram quase irrisórios diante do que poderia ter acontecido, porém o que mais a incomodou foi a indiferença da polícia. Seu marido foi a delegacia fazer o B.O., mas é como se tudo não passasse de uma coisa de praxe. O assalto à sua casa foi apenas mais um na estatística e ocupa um lugar secundário já que não houve feridos ou mortos.
Outra amiga, que mora a algumas quadras de mim, conta que seu carro foi roubado da porta de casa num domingo. Cinco dias depois o veículo foi encontrado sem maiores danos, mas ela aproveita para contar sobre uma onda de assaltos em estabelecimentos comerciais de nosso bairro.
Arre, não dá nem vontade de sair de casa. Mas a gente não pode se tornar refém do medo.
Na noite de quinta-feira passada , a Secretaria Municipal de Meio Ambiente fechou o bar Choros & Serestas, o meu querido Chorinho, alegando excesso de barulho e problemas no alvará. Os proprietários juram que nunca foram sequer advertidos e lamentam ter passado por um constrangimento tão grande. A fiscalização chegou lá acompanhada de policiais militares num momento em que a casa estava fervilhando de gente e interditou o  Chorinho no ato.
Comentou-se à boca pequena que a interdição faria parte de supostos preparativos da cidade para a Copa do Mundo de 2014.
Então está tudo explicado! Barulho numa casa noturna, que é um dos poucos redutos da boa música em Cuiabá não fica bem, mas assaltos, roubos, crateras nas vias públicas - isso sim tem tudo a ver com a Copa de 2014. É bem Mato Grosso!

PS: Cabe aqui um esclarecimento: o fechamento do Chorinho ocorreu três dias antes da data marcada pelos proprietários para um merecido periodo de férias coletivas. Os problemas envolvendo o fechamento arbitrário da casa estão sendo solucionados e no próximo dia 24 de março, como estava previsto anteriormente, a legião de fãs e frequentadores do Chorinho poderá matar as saudades do estabelecimento, que trouxe a Cuiabá em novembro passado, por ocasião de seu décimo oitavo aniversário, um show inesquecível de Monarco da Portela.

2 comentários:

Rose Domingues disse...

Eu moro perto do chorinho e realmente é um barunho terrível, um trânsito insuportável em dias de festa. Mas são coisas da vida. Existem problemas realmente mais importantes para a polícia resolver em Cbá.

Vera disse...

Você pontuou duas coisas que realmente dão o que falar. A criminalidade e as casas noturnas.
Em relação à segurança minha amiga, já perdi as esperanças. Para onde vão os policiais corruptos após serem expulsos da corporação? Para onde foram os traficantes do morro do alemão e de tantos outros morros que foram ocupados pelas upc's? Migram para municípios vizinhos e cidades como a nossa, que me desculpem falar, é uma pouca vergonha no quesito segurança, e onde a corrupção faz parte da cultura. Os barzinhos, realmente, são a alegria e o refrigério para quem teve um dia de cão e de caldeira, mas a localização é totalmente inadequada. Penso que o proprietário não pensou que seu estabelecimento faria tanto sucesso e durante tantos anos. Mas o que se fazer? Que solução poderia se dar? Será que saindo dali, a cliente continuará a prestigiar? Não seria o aperto o congestionamento que atrairia tanta gente?