Há poucos minutos eu decidi que não ia postar nada no blog. É como se eu não tivesse nada para "falar" ou então tivesse tanta coisa que não caberia num post, mas foi só eu ler a crônica semanal de Dete em seu blog http://piassa-braziliansoul.blogspot.com para eu me inspirar.
Ela fala sobre um assunto recorrente: sua insatisfação em estar na costa leste dos EUA e a angústia de não saber onde seria mais feliz. Numa fazenda distante? Em seu país natal? A crônica de Dete merece ser lida na íntegra e quero apenas fazer algumas considerações pessoais. Também vivo constantemente a mesma angústia.
Morei anos no Rio de Janeiro e, embora tivesse (e como) meus momentos de crise e angústia existencial, profissional e tudo que tinha direito, nunca pensei realmente em deixar a cidade. Mas confesso que senti uma pontinha de inveja quando três amigas muito queridas foram morar no exterior, quase todas ao mesmo tempo. Dete foi para os EUA, assim como Lúcia (amiga desde o tempo do admissão), e Mila foi para a França.
Além de sofrer com a saudade imensa das três, eu me imaginava no lugar delas , convivendo com o chamado primeiro mundo, falando fluentemente inglês ou francês. Essa fantasia meio que se quebrou em 1986, quando visitei as três e percebi que cada uma, a seu modo, tinha as mesmas angústias que eu.
Dois anos depois, por razões que não vêm ao caso neste momento, eu estava morando em Mato Grosso - mais precisamente numa fazenda no Pantanal.
Fui feliz? Muitíssimo. Hoje, olhando para trás, vejo que vivi alguns dos momentos mais lindos e profundos da minha vida nesses anos em que dividi meu tempo entre a fazenda, o casamento e o nascimento de minhas duas filhas. Nem por isso deixava de me angustiar, questionar e me lembrar com carinho das coisas que tinha deixado para trás.
Em suma, acho que a gente pode ser feliz - e angustiada - em qualquer lugar do mundo onde disponha de coisas básicas (comida, teto, amor e amizade). Alguns precisam menos de amigos e companheiros; outros mais. Quando eu ficava no Pantanal, encontrei isso no meu ex-marido, nos empregados da fazenda, pessoas com quem estabeleci na época relações afetivas muito fortes. Talvez eles não saibam o quanto foram importantes para mim.
Seja como for, é praticamente possível ser feliz - ou não - em qualquer lugar do mundo. Depende mais da nossa disposição para compartilhar, seja de uma forma prática ou até da escrita.
Acho que algumas pessoas já nascem angustiadas. Como sempre digo, não tenho respostas definitivamente para nada, mas pode ser que a gente esteja aqui para aprender a lidar com isso.
Hoje mesmo acordei com uma estranha dor no lado esquerdo do peito. Pensei, por alguns instantes: como deve ser ter um enfarte e sentir que você está perdendo a vida? Acordei, toquei a vida e até me esqueci disso, embora saiba que a linha entre vida e morte é muito tênue. Mais uma razão para a gente se angustiar. Ou não.
Ela fala sobre um assunto recorrente: sua insatisfação em estar na costa leste dos EUA e a angústia de não saber onde seria mais feliz. Numa fazenda distante? Em seu país natal? A crônica de Dete merece ser lida na íntegra e quero apenas fazer algumas considerações pessoais. Também vivo constantemente a mesma angústia.
Morei anos no Rio de Janeiro e, embora tivesse (e como) meus momentos de crise e angústia existencial, profissional e tudo que tinha direito, nunca pensei realmente em deixar a cidade. Mas confesso que senti uma pontinha de inveja quando três amigas muito queridas foram morar no exterior, quase todas ao mesmo tempo. Dete foi para os EUA, assim como Lúcia (amiga desde o tempo do admissão), e Mila foi para a França.
Além de sofrer com a saudade imensa das três, eu me imaginava no lugar delas , convivendo com o chamado primeiro mundo, falando fluentemente inglês ou francês. Essa fantasia meio que se quebrou em 1986, quando visitei as três e percebi que cada uma, a seu modo, tinha as mesmas angústias que eu.
Dois anos depois, por razões que não vêm ao caso neste momento, eu estava morando em Mato Grosso - mais precisamente numa fazenda no Pantanal.
Fui feliz? Muitíssimo. Hoje, olhando para trás, vejo que vivi alguns dos momentos mais lindos e profundos da minha vida nesses anos em que dividi meu tempo entre a fazenda, o casamento e o nascimento de minhas duas filhas. Nem por isso deixava de me angustiar, questionar e me lembrar com carinho das coisas que tinha deixado para trás.
Em suma, acho que a gente pode ser feliz - e angustiada - em qualquer lugar do mundo onde disponha de coisas básicas (comida, teto, amor e amizade). Alguns precisam menos de amigos e companheiros; outros mais. Quando eu ficava no Pantanal, encontrei isso no meu ex-marido, nos empregados da fazenda, pessoas com quem estabeleci na época relações afetivas muito fortes. Talvez eles não saibam o quanto foram importantes para mim.
Seja como for, é praticamente possível ser feliz - ou não - em qualquer lugar do mundo. Depende mais da nossa disposição para compartilhar, seja de uma forma prática ou até da escrita.
Acho que algumas pessoas já nascem angustiadas. Como sempre digo, não tenho respostas definitivamente para nada, mas pode ser que a gente esteja aqui para aprender a lidar com isso.
Hoje mesmo acordei com uma estranha dor no lado esquerdo do peito. Pensei, por alguns instantes: como deve ser ter um enfarte e sentir que você está perdendo a vida? Acordei, toquei a vida e até me esqueci disso, embora saiba que a linha entre vida e morte é muito tênue. Mais uma razão para a gente se angustiar. Ou não.
2 comentários:
Martha, pensei muitas vezes assim, talvez fosse mais feliz lá fora. Bobagem. A gente carrega a infelicidade pra onde for. Cristina Palmeira, nossa querida ex-colega do JB, estava em Paris há anos, sofrendo de depressão crônica. Esteve aqui no Natal, nós nos desencontramos. Matou-se semana passada.
Romildo, que triste! Não estou conseguindo me lembrar dela ...
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