quarta-feira, 24 de março de 2010

Escuridão


Faz tempo que quero escrever sobre a escuridão de Cuiabá. Durante o dia, a luminosidade é plena, absurdamente intensa a ponto de eu não conseguir botar a cara na rua sem óculos escuros. Assim mesmo, dependendo do dia, meus olhos ainda lacrimejam por causa do ceratocone.
Em contrapartida, a noite em Cuiabá é extremamente escura. É claro que há avenidas, ruas e praças iluminadas, mas não raro no caminho, mesmo sem passar pela periferia da cidade, você atravessa quadras praticamente às escuras. Às vezes, há postes, porém as luzes estão queimadas. E olha que o atual prefeito, Wilson Santos, gastou uma fortuna em iluminação pública.
Tudo isso, na minha opinião, aumenta a sensação de medo, principalmente para quem anda a pé. No meu quarteirão mesmo, embora eu more numa rua movimentada (perto da Praça Popular, um dos points da cidades) e habitada por gente de poder aquisitivo bem alto, há trechos bem escuros.
Talvez, hoje eu esteja atravessando um espaço meio escuro na minha vida - penso, penso e não consigo descobrir onde está a luz -, mas aproveito esse momento dark pessoal para falar de uma situação objetiva numa cidade que está sempre me desconcertando por seus constrastes.
Ontem estive novamente no Museu de Arte Sacra para ensaio do coro e consegui me chocar de novo com a escuridão do local. O museu foi reinaugurado em 4 de dezembro de 2008 e funciona no antigo Seminário Nossa Senhora da Conceição, juntamente com a Igreja do Bom Despacho, reformada no governo Blairo Maggi. Ponto para a atual administração que devolveu ao público um pouco da história de Cuiabá.
Não sei quem é responsável pela iluminação local (a Secretaria de Estado de Cultura? A Arquidiocese de Cuiabá? A Rede Cemat?), mas acho um absurdo deixar às escuras um morro onde funciona uma igreja e um museu abertos ao público. No ano retrasado, quando eu frequentava os ensaios do Cantorum, tinha um poste com uma lâmpada bem forte, mas queimou e ninguém providenciou a susbstituição. Ontem, ainda tinha uma lua crescente que ajudava a gente a ver os degraus da escada, mas no noite anterior, que estava chuvosa, tive que me apoiar na murada para não cair. E o medo de pisar numa barata ou em outro tipo de inseto? Ou pior ainda, de ser abordada por um estranho?
Por tudo isso - e porque gosto de cantar e acho um privilégio poder cantar música sacra num lugar tão bonito- decidi iniciar uma campanha: Mais luz para o Bom Despacho! Vou terminar todas as minhas postagens a partir de hoje com esse slogan até que venha a luz.
A propósito, acabei de ler no site da Secretaria de Estado de Cultura esse trecho de uma matéria publicada na época da reinauguração do museu (http://www.cultura.mt.gov.br/TNX/conteudo.php?sid=54&cid=2327):
"Segundo Viviene Lozi, Diretora Geral da Ação Cultural e gestora dos espaços (Seminário e Museu) disse que o objetivo de toda essa ação, é de preservar este patrimônio histórico, revitalizar, modernizar o seu entorno, identificar as suas funções culturais, sociais e educacionais, buscando a reintegração do prédio no cotidiano da cidade, garantia de uso público, resultando em benefícios efetivos à população tanto do ponto de vista econômico quanto turístico."
Sem iluminação no pátio, fica mais difícil, ?

A foto que ilustra o post é de autoria de Marcos Bergamasco/Secom-MT (www.secom.mt.gov.br). Naturalmente foi tirada durante o dia.

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