sexta-feira, 12 de março de 2010

Dúvida

Hoje o dia começou sob o impacto da notícia do assassinato do cartunista Glauco e de seu filho Raoni. As primeiras notícias falavam em assalto, porém ao longo do dia surgiu a versão de que o cartunista foi assassinado por um rapaz conhecido da família, que frequentaria a Igreja Santa Maria, fundada por Glauco e inspirada nos cultos do Santo Daime.
Seja como for, é triste. Cartunista consagrado, Glauco tinha 53 anos e seu filho, 25. Por termos a mesma idade, eu me identifique com ele e essa história só veio avivar um pensamento que me acompanhava desde ontem. Li num artigo sobre a escritora Patrícia Melo, especialista em romances policiais, que ela parte do princípio em suas obras de que o homem tem uma índole má, contrariando o pensamento do filósofo suíço Jean-Jacques Rosseau de que "o homem é bom por natureza" e é a sociedade que o corrompe.
Essa questão me intriga. Cresci achando que as pessoas são boas por natureza e são de alguma forma estragadas pela vida (meio social, pais, família, etc). Porém, hoje tenho algumas dúvidas a esse respeito, embora ainda me recuse a achar que o contrário é verdadeiro: ou seja, as pessoas têm uma índole má e podem ser redimidas - ou não - "pelo amor e o sentimento da compaixão", como crê Patrícia Melo (segundo matéria veiculada no site do jornal Estado de São Paulo em setembro do ano passado e citada por mim em artigo no site http://portugues.agonia.net
Acreditar nisso transformaria totalmente o meu modo de pensar e, de alguma forma, subverteria as crenças sobre as quais sempre pautei minha vida. Voltarei ao tema em outra oportunidade.

2 comentários:

Roça de Livros disse...

Para muitos filósofos e pensadores religiosos o Bem e o Mal estão contidos em nós. Nosso lado claro, nosso lado escuro. Luz e treva. Ora predomina um, ora outro. Pessoalmente, prefiro acreditar nisso, é menos maniqueísta. E é também como me sinto, sempre em busca do equilíbrio entre minha face luminosa e minha face sombria. Às vezes consigo, às vezes não.
Em algumas pessoas talvez o desequilíbrio seja uma constante, com a sombra predominando.
Terezinha

Martha disse...

Tomar consciência disso de uma certa forma me tira um peso: o da obrigação de estar sempre do lado da luz.
Estou aceitando melhor a minha face sombria. Em outras palavras, estou aceitando melhor a minha humanidade.