Envolvida com a minha viagem-relâmpago para o interior de São Paulo, acabei não fazendo o registro do show de viola instrumental ao qual assisti na noite de sexta-feira passada.
O show aconteceu no Cine Teatro Cuiabá e fez parte do Circuito Syngenta de Viola Instrumental. Foi uma delícia, apesar do calor que castigava público e músicos num teatro onde quase virei picolé em outras ocasiões.
O show aconteceu no Cine Teatro Cuiabá e fez parte do Circuito Syngenta de Viola Instrumental. Foi uma delícia, apesar do calor que castigava público e músicos num teatro onde quase virei picolé em outras ocasiões.
O mestre de cerimônia foi o violeiro paulista Levi Ramiro, muito falante e simpático, que "apresentou" quatro músicos da terra: os violeiros João Ormond e Daniel de Paula (à direita, na foto tirada do site www.circuitosyngentadeviola.com.br), que tocaram acompanhados de dois violonistas, cujos nomes agora me fugiram (mil perdões). Os cinco tocaram algumas músicas em conjunto, mas a maioria dos números foi apresentada em dupla de violas.
Houve vários momentos inebriantes e apresentação de composições dos próprios instrumentistas, mas o ponto alto da noite foi a interpretação de um clássico - "Mercedita" - com destaque para o solo de Daniel na viola-de-cocho. A plateia delirou!
Fiquei muito feliz com o show especialmente por dois motivos: fui acompanhada de minha filha Marina, que não é muito chegada à música instrumental, porém gostou da apresentação, embora tenha dito que preferia que "fosse cantado".
O segundo motivo foi ver um músico local, Daniel, que conheço há alguns anos, tendo seu talento reconhecido. Como professor da rede pública, ele fazia um belo trabalho musical com seus alunos. Constatei isso em 2003 quando era assessora de comunicação da Secretaria de Estado de Educação. Nem sei se Daniel continua dando aulas. Depois disso soube que ele tinha sido premiado num concurso nacional de viola instrumental promovida pela Syngenta, empresa que agora promove o Circuito levando violeiros premiados a várias capitais do país.
Como disse Ramiro numa frase inspirada, a música instrumental é aquela que não precisa de letras. Cada um que ouve cria a imagem a seu jeito. É isso aí: a música instrumental, quando feita por músicos talentosos, leva o ouvinte longe e toca o coração da gente.
PS. Como meu blog é lido por pessoas que não são de Mato Grosso - ou não moram aqui - achei por bem explicar o que é viola-de-cocho. É um instrumento aparentemente tosco, muito usado nas apresentações de dois ritmos populares em Mato Grosso: o cururu e o siriri. Nos últimos anos outros músicos locais elevaram esse tipo de viola a uma condição mais nobre, inclusive, hoje ela tem lugar de honra na Orquestra do Estado de Mato Grosso.
Ela se chama "de cocho" porque é feita como o cocho onde os animais se alimentam nas fazendas: é "confeccionada num tronco de madeira inteiriço, esculpido no formato de uma viola e escavado na parte que corresponde à caixa de ressonância" (fonte Wikipedia).
Não me perguntem como os músicos conseguem tirar melodias e harmonias tão bonitas de lá!
Um comentário:
Olá, estava viajando pela net e encontrei este comentário sobre a minha pessoa e meu trabalho,achei fantástico, nos remete a pensar que nosso trabalho esta dando eco e tomando proporções que estrapolam o figutativo. Eu queria dizer a vossa pessoa que tem acompanhado nosso trabalho que no momento eu estou participando de um festival nacional para viola, de uma olhada vale a pena www.voaviola.com.br quero aproveitar ainda a oportunidade e dizer que como resultado desses longos anos de pesquisa, eu estou com um cd com composições autorais prontinho para viajar o mundo, se alguém ai tiver interesse encaminhe um e-mail para danielvioladecocho@gmail.com
Parabéns pelo seu texto, ajuda a divulgar nosso trabalho, gostaria tbm que vc se identificasse. E como útima sugestão eu diria que a palavra "tosco" quando vc se refere a viola de cocho, me soa numa tonalidade peojorativa, e eu tenho certeza de que não foi isso que vc intencionou. Ass; Daniel de Paula
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