domingo, 14 de outubro de 2012

Saudade

A minha saudade é uma coisa estranha ... 
Minha filha caçula veio passar o feriado comigo. Numa decisão de última hora pegou o ônibus, enfrentou cerca de mil quilômetros de estrada e veio ficar quatro dias conosco.
Ainda ontem eu aguardava com ansiedade sua chegada à rodoviária de Cuiabá e agora já está quase na hora de levá-la de volta. E aí a saudade, que andava adormecida, volta a incomodar - uma sensação estranha de tristeza e vazio.
Amanhã, voltarei à rotina e pouco a pouco as coisas vão se encaixando novamente porque sei o quanto ela está feliz em Jaboticabal, com seus amigos de faculdade e de república.
Passamos dois dias em Cáceres - a cidade onde vivi alguns dos anos mais difíceis e mais felizes da minha vida. Sempre me pergunto quando vou lá se me acostumaria novamente a viver naquela cidade, embora isso esteja totalmente fora de cogitação. Essa é uma elocubração que me permito. Vejo as ruas vazias, o silêncio quase absoluto da rua onde ficava a casa onde me hospedei (que hoje pertence a meus cunhados, mas pertenceu por muito tempo a uma prima e uma tia muito queridas) e me pergunto se trocaria a agitação de Cuiabá por Cáceres novamente. 
Adoro a balbúrdia dos pássaros nos quintais, as casas enormes e confortáveis, mas já estou  habituada novamente à praticidade de um apartamento.
Vivi um sonho feliz em Cáceres, uma história de amor que parecia que era para sempre e acabou faz tempo, deixando-me belas lembranças e duas filhas maravilhosas. Dei aulas na universidade, escrevi um livro do qual me orgulho, fiz muito amigos. 
Fico um pouco triste por conseguir encontrar poucos deles quando vou lá. A vida segue e as pessoas vão tomando outro rumo, fazendo novas amizades, novas conexões, mas isso não pode apagar o prazer que cada amigo me deu numa determinada época da minha vida.
Desta vez reencontrei um amigo que não via há anos e foi um encontro muito feliz.
Não adianta: tenho meu lado melancólico e, em vez de fugir dele ou criticá-lo, devo aceitá-lo como uma prova de sensibilidade.

PS. Parece que a despedida é mais triste quando acontece numa rodoviária ...
 

Um comentário:

Jane disse...

Apesar da imensa saudade que a invade, vejo esse seu texto como uma exaltação à felicidade: um sonho feliz, uma história de amor, belas lembranças, 2 filhas maravilhosas, 1 livro do qual só pode se orgulhar, mtos amigos... Com esses ingredientes, só falta agora fazer um belo samba.
Bjs.