sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Futuro nebuloso

Às vésperas das eleições municipais, meu sentimento, infelizmente, é quase de apatia. Não estou triste, mas desesperançosa. Ontem, nem tive disposição para perder tempo do meu sono e assistir ao último debate entre os candidatos a prefeito em Cuiabá. Pelos comentários que vi hoje, nada perdi. O debate foi morno.
Nem vou ficar falando sobre as características de cada candidato, que já comentei superficialmente aqui. O que me assusta é ver como as pessoas em geral se entusiasmam tanto com a candidatura do médico Lúdio Cabral (PT), que tem voz e fisionomia calmas e cativantes, porém está cercado das forças mais tenebrosas da política mato-grossense, na minha opinião.
Se eu fosse chargista, faria uma charge assim: Lúdio, com sua aparência angelical, com asinhas de anjo e coroa de santo, cercado pelas sinistras figuras do atual governador Silval Barbosa, do presidente do PMDB, Carlos Bezerra, e do ex-superpoderoso da Agecopa, Eder Morais.
Também não suporto esse discurso de que todos os empresários são maus e só querem o mal do povo. Que papo mais antigo, quase pré-histórico! Como se todos os demais - médicos, funcionários públicos, juízes, advogados - fossem a fina flor da humanidade!
Nos últimos dias andei pensando sobre Cuiabá: que cidade temos, que cidade queremos. A cidade tem um trânsito caótico, ruas estreitas misturadas a avenidas largas; as ruas estão esburacadas e as calçadas, ah, as calçadas, são um campo minado em grande parte desta capital; transporte coletivo que só é usado por quem realmente não tem condições de se movimentar de carro ou  motocicleta; a saúde pública é um caos e acabei de ler no blog do dr Gabriel Novis Neves (Bar do Bugre) que vão acabar com a Policlínica do Verdão por causa das obras da Copa do Mundo; a violência e a insegurança pública são cotidianas e afetam pessoas de todas as classes sociais.
Não vi qualquer dos candidatos a prefeito falando com propriedade e seriedade sobre esses temas que afetam nosso dia a dia. Não consigo me convencer de que teremos uma cidade melhor a partir da administração de fulano ou sicrano. Mas alguém tem que administrar a "casa", tocar o barco e eu decidi votar em Mauro Mendes. Confesso que tenho curiosidade de saber como ele - o super empresário tão bem sucedido - vai se sair administrando uma capital tão problemática.
Quanto a vereador, decidi votar no Jaime Okamura, um cara que conheci nos bons tempos do Festival Internacional de Pesca em Cáceres. É uma pessoa focada no turismo, na beleza, sangue novo na Câmara. Quem sabe ele consegue emplacar alguns bons projetos e alterar um pouco a péssima imagem da Câmara Municipal de Cuiabá?
Não posso deixar de registrar aqui um acidente terrível que aconteceu esta semana perto de Cáceres, alías, dois. O primeiro matou uma moça que foi uma das primeiras pessoas que conheci na cidade no final dos anos 80, Sophia, e deixou gravemente ferida sua amiga - ambas atropeladas quando passeavam de bicicleta por um carro desgovernado e dirigido por um homem sem habilitação.
O outro, ainda mais trágico, matou sete pessoas, quase todas estudantes universitários que viajavam de ônibus a caminho da faculdade em Cáceres. Todos eram moradores do município de Curvelândia. O ônibus parou por causa de outro acidentes ocorrido na MT 175 e uma caminhonete Hilux que vinha em alta velocidade acabou atropelando uma leva de pessoas. O motorista está preso e alegou que a estrada estava mal sinalizada, porém não justificou sua velocidade altíssima numa rodovia precária. Nada vai devolver a vida dos que morreram, jovens universitários que provavelmente estavam realizando o sonho de pais pequenos produtores rurais.
Se todos fossem menos inconsequentes na direção, ocorreriam menos tragédias como essa, mas esperar que isso aconteça, isso sim é uma ilusão. Por isso, infelizmente, tem que haver punições mais exemplares para quem as causa, embora eu acredite que levar na consciência o remorso de ter provocado tantas mortes já é uma punição bem grande. 
 

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