quinta-feira, 15 de novembro de 2012

As pequenas grandes tragédias cotidianas

Thássya (mãe do menino Ryan), Luiz Alves (avô) e Lauro (pai) lideram passeata no bairro Dom Aquino
 
Nos últimos dias ocorreram fatos graves em Cuiabá, com rosto, nome e sobrenome. No primeiro, o pedreiro Geanderson Xavier, de 25 anos, matou a ex-companheira e o filho deles a tiros. Preso, alegou que não era sua intenção matar a criança. E quanto à mãe? Eles discutiam o pagamento de uma pensão alimentícia. Já havia ocorrido casos de violência por parte do pai, mesmo assim não se evitou a tragédia.
No outro caso, ainda mais dramático, o rapaz, o técnico de informática Carlos Henrique Costa Carvalho, de 25 anos, que também está preso, matou a sogra a facadas, botou fogo nela e pegou o enteado de quatro anos, que atirou no rio Cuiabá, sem chance de defesa para a vítima.
Considero esse caso ainda mais dramático porque o assassino teve tempo de refletir enquanto se deslocava com a criança nos braços entre o bairro Dom Aquino, onde morava a mãe da criança (que estava trabalhando quando tudo aconteceu) e o rio Cuiabá.
Não sei precisar quanto ele andou, mas foram pelo menos algumas quadras. Será que ninguém viu esse homem levando essa criança à força? Por que ninguém fez nada para impedi-lo? Segundo o noticiário, alguns pescadores viram quando o assassino jogou o menino no rio e tentaram salvá-lo, mas a criança já foi encontrada morta.
Parece muita tragédia? Mas ainda tem mais: a moça, que perdeu filho e mãe, está grávida do sujeito.
Esses casos talvez pareçam sem tanta importância diante da enxurrada de mortes e violência em São Paulo, Santa Catarina e outras cidades brasileiras. Que país é este onde o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, diz que as prisões medievais e, como Pilatos, lava as mãos diante dessa constatação?
Como eu disse no início, os dois assassinos estão presos.  Carlos Henrique, que matou a sofra e o enteado, recusa-se a falar (diz que só falará em juízo) e está em cela especial (até onde sei) porque os presos o agrediram. Como sempre se diz, preso também tem sua ética e alguns crimes são considerados bárbaros demais até para eles.
A esse rol de tragédias familiares, acrescenta-se o caso de quatro ou cinco crianças que eram abusados por um idoso de 85 anos com a conivência e incentivo de seus pais. Num dos jornais que li, dizia-se que os pais eram viciados em crack e mandavam os filhos para a casa do vizinho em troca de comida. Mas o relato do Conselho Tutelar, que chegou à família graças a uma denúncia anônima, diz que as crianças também eram espancadas pelo padrasto/pai (as três ou quatro maiores não são filhas dele).
Não sei o que dizer sobre tudo isso. Só sei que a vida está ficando por demais banal e existe muito desamor no mundo.  E irresponsabilidade, de pais, famílias, autoridades.
Desculpe se estou num dia pessimista. A vida continua, daqui a pouco vou me encontrar com amigas queridas que não vejo há algum tempo num chá de fraldas de um bebê que está a caminho. O mínimo que podemos fazer é amar e ser leal a nossos amigos, às pessoas que nos amam e nos protegem nesse mundo. E torcer para que esse amor transborde e seja suficiente para nos dar força para não odiar e condenar quem faz o mal, principalmente a uma criança. mas é fundamental que essas pessoas sejam punidas, ainda que seja nas prisões medievais deste nosso país.
Mais uma coisa: mulheres, não aceitem a violência doméstica! Por trás de um agressor, pode estar um assassino e a vítima pode não ser vocês e sim as pessoas mais indefesas a quem vocês deveriam proteger.

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