sexta-feira, 31 de agosto de 2012

A última das românticas

É impressionante como certas coisas mudaram tanto nas útimas décadas. Quando comecei a trabalhar com jornalismo havia poucos assessores de imprensa, que geralmente eram vistos por nós, repórteres, como barreiras no caminho da informação. Eu me lembro especialmente de um assessor de imprensa de um órgão federal ligado ao abastecimento, setor que cobri por um período: ele ficava em sua mesa num prédio de uma das avenidas centrais do Rio de Janeiro, era boa praça, mas nunca dava as notícias que queríamos. Era o próprio burocrata.
Fiquei alguns anos afastada do dia a dia da profissão durante o tempo em que me casei, tive filhos e vivi minha aventura pantaneira, e quando retornei ao mercado em Cuiabá em 2003 encontrei outra realidade. Quase todos os meus alunos do curso de Jornalismo da UFMT sonhavam com um emprego numa assessoria de imprensa. Eu me indignava e dizia que assessoria de imprensa era coisa de jornalista à beira da aposentadoria, de quem já cansou de correr atrás da notícia.
Mal sabia que meu discurso estava ultrapassado e deslocado no tempo. Sempre fui uma romântica.
Trabalhei sete anos na revista Produtor Rural onde vivi grandes momentos e emoções, mas a revista acabou - como muitos sabem - e eu me vi diante de novo mercado de trabalho.
Depois de algumas tentativas de trabalhar em redação de jornal, acabei me firmando na revista Corpo e Arte - onde trabalho como repórter e redatora também, já que entrego todas as minhas matérias prontas com título, subtíitulo e destaques - e há um mês comecei a trabalhar na assessoria de imprensa da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa).
Estou gostando da experiência e aprendendo o que é ser assessor de imprensa nos tempos atuais:  tenho que atender as demandas dos jornalistas, gerar e provocar demandas, produzir matérias, alimentar os sites (da Ampa e do Instituto Mato-grossense do Algodão - IMAmt), para citar apenas as tarefas mais corriqueiras.  O que me complica mais é lidar com as novas tecnologias, logo eu que comecei no jornalismo com a velha máquina de escrever que dominava com maestria.
Não quero ser saudosista. Adoro o computador e tudo que ele me permite: copiar, colar, deletar ... Mas acho que as novas tecnologias somadas à realidade do mercado de trabalho exigem cada vez mais de nós, jornalistas. Ganhamos menos e trabalhamos mais.

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