quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Transporte coletivo em Cuiabá e Várzea Grande, uma utopia?

 
Perspectiva do VLT na Avenida Fernando Correa - imagem da Secopa
 
Ontem quando voltava do trabalho no início da noite vim pensando enquanto observava as pessoas nos pontos de ônibus. Cuiabá é uma capital que, a exemplo de algumas capitais brasileiras, conserva resquícios de uma cidade do interior.
As avenidas largas e modernas, como a Historiador Rubens de Mendonça (também conhecida como Avenida do CPA) ou a Fernando Correa, conectam-se com ruas estreitas e tortuosas num emaranhado que complica a vida dos cidadãos que precisam se deslocar pela cidade. Junte-se a isso um calor infernal e uma falta absoluta de atenção ao transporte público e temos o caos que se vê hoje nas vias públicas.
Ninguém quer andar de ônibus em Cuiabá e Várzea Grande, a cidade grudada na capital que abriga o Aeroporto Internacional e tantos  problemas ou mais que sua vizinha mais famosa. Praticamente todo mundo que conheço tem carro ou moto. Vim tentando me lembrar de amigos que usam o transporte público. Dois deles abandonaram o ônibus recentemente e agora estão devidamente motorizados. Só consegui me lembrar de duas amigas jornalistas que andam de ônibus não sei se por opção ou falta de.
Estudantes andam de ônibus, mas se forem de família rica ganham um carro assim que completam 18 anos. Tenho uma amiga que tem três filhos na faixa de 20 anos: todos ganharam um carro do pai quando passaram no vestibular. Hoje a família tem cinco carros na garagem!
Morei muitos anos no Rio de Janeiro e já visitei algumas cidades no exterior. Em algumas o transporte público funciona razoavelmente e isso, somado à falta de lugares para estacionar, faz com que muita gente opte por andar de metrô, ônibus e, eventualmente, táxi. Minhas duas irmãs que moram no Rio abriram mão de ter carro. Tudo bem que elas não são o melhor exemplo já que estão aposentadas, mas uma das minhas sobrinhas vai e volta para o trabalho de bicicleta. São poucas as pessoas que conheço no Rio que se deslocam de carro no dia a dia.
Minha amiga Bárbara, que mora em Brasília, contou no nosso último encontro que vai e volta de metrô para o trabalho já que o trânsito da capital federal deixou de ser aquela maravilha.
Mas voltando a Cuiabá, discute-se agora a implantação do sistema VLT (Veículo Leve sobre os Trilhos) em função da Copa do Mundo de 2014. Pelo que li, a obra foi liberada novamente. Não sei sinceramente se essa era a melhor opção para Cuiabá, pensando no bem estar da população em geral e não nos poucos dias em que haverá jogos da Copa nesta capital.
Parece até mentira: somos bombordeados com informação sobre a briga VLT x BRT (Bus Rapid Transit), mas tenho sempre a impressão de que altos interesses escusos estão por trás de tudo e não consigo separar o joio do trigo.
De uma coisa eu tenho certeza, nunca se pensou realmente na construção de um sistema de tráfego em Cuiabá - e quiça, no Brasil - em que se valorize o coletivo, os interesses das pessoas mais carentes ou da população em geral e o resultado disso é o caos que estamos vivendo. Todo mundo quer comprar carro (e governo e indústrias fazem tudo para alimentar essa obsessão) e muita gente nem consegue pagar o financiamento depois.
Será que não se formam profisisonais (engenheiros, urbanistas) com esse tipo de preocupação - o bem coletivo - ou a má gestão política das cidades não dá chance para os planejadores e aqueles que  estudam em busca do que é melhor para todos a curto, médio e longo prazo?

Nenhum comentário: