domingo, 5 de agosto de 2012

A arte da felicidade

Balneário Mutuca

Meu domingo foi tão bom que chego a me sentir culpada. Como o ser humano é complexo! A gente busca ser feliz, deseja felicidades para as pessoas o tempo todo, mas tem dificuldade em ser feliz. Simplesmente.
Este era o último fim de semana de férias de minha filha caçula e eu queria poder me dedicar 100% a ela. Trabalhei bastante durante a semana para estar livre no final de semana, de corpo e alma.
Ontem, de manhã, enquanto aguardava sua chegada à Rodoviária, fui nadar e me senti imensamente feliz nadando durante uma hora sob o sol quente de Cuiabá. Por que nadar me deixa tão feliz? Não sei. A mistura da temperatura da água, do som que ela faz quando me movimento, a sensação de senti-la passando por meu corpo e o visual da piscina me fazem muito bem. Gosto da ideia de estar movimentando meu corpo: pés, pernas, tronco, braços, cabeça. Tudo trabalhado de uma forma harmônica: respiração e movimentos. Procuro manter minha mente focada no ato de nadar, mas de vez em quando ela viaja.
Pouco depois de meio dia Marina chegou e, após um almoço caseiro, fiz uma coisa que ainda não tinha feito: assisti às Olimpíadas. Vi provas de corrida, de salto, natação, salto ornamental, jogos de vôlei. É impresssionante ver os corpos malhados, alguns belíssimos (como os dos homens corredores), outros nem tanto. E a rapidez com que nadam! A felicidade do Phelps ganhando mais uma medalha olímpica (nem me lembro quantas foram) foi emocionante!
Hoje ouvi uma pessoa criticando os gastos com os jogos olímpicos (o envio das delegações, a ostentação) quando há tanta gente sofrendo nos corredores dos hospitais. Eu entendo o ponto de vista dela, mas não acredito que seja por causa disso que faltam recursos para que as pessoas sejam atendidas decentemente na saúde pública. Se pelo menos não se desviassem recursos, a sociedade não permitisse que equipamentos e remédios ficassem sem uso ou mesmo que prédios construídos para serem hospitais ficassem abandonados; se os médicos e demais profissionais da saúde fossem devidamente remunerados para fazerem seu serviço e também cobrados por isso, e tivessem condições para desenvolverem seu trabalho a contento ... E que só trabalhassem na saúde pública os profissionais que tivessem uma compreensão de sua importância e grandeza.
Enfim, não acho que o problema da saúde pública seja falta de grana e sim de má gestão e falta de decisão política, pela qual somos todos responsáveis.
Como somos responsáveis pela má qualidade da educação pública, do transporte público e dos serviços públicos em geral e pela má qualidade de nossos representantes em todas as esferas políticas, sejam elas legislativas ou executivas.
Enfim somos responsáveis pela sociedade em que vivemos, mas, apesar disso hoje estou feliz porque tive um dia muito feliz ao lado de minha filha caçula - uma pessoa que eu amo e a quem procurei dar o melhor de mim.
E amanhã é segunda-feira e estou feliz com isso também porque vou sair de casa para trabalhar. Para mim, isso é uma dádiva. Tem maluco pra tudo, né?

(...) Um homem se humilha
Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida
E vida é trabalho
E sem o seu trabalho
O homem não tem honra
E sem sua honra
Se morre, se mata
Não dá pra ser feliz
Não dá para ser feliz"
Um homem também chora (Guerreiro menino) do mestre Gonzaguinha

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