sábado, 2 de julho de 2011

Samurai

Só vi pedaços do Globo Repórter de hoje sobre animais e pessoas que amam e protegem os animais, mas desde ontem ou anteontem queria muito escrever sobre Samurai
Não sei o motivo, mas de repente me deu uma saudade tão grande dele.
Samurai foi para nossa casa ainda bebê, com fama de ser de uma raça de caçadores de onça. A ideia era levá-la pro Pantanal, mas ele nunca chegou a conhecer o Pantanal. Será que teria sido mais feliz lá, caçando onças e exercendo sua vocação?
Ele era vira-lata, mas tinha sangue e genes de uma raça de cães caçadores, cujo nome esqueci. Meu ex-marido escolheu o nome: Samurai.
Como ele era lindo! Cresceu, tinha cara de bravo, mas era um doce! Cuidava da minha casa em Cáceres  e foi um grande amigo depois que ficamos sozinhas, eu e minhas filhas. Como era bom chegar em casa e encontrá-lo no portão! Às vezes eu demorava a abrir o cadeado porque ele queria lamber minhas mãos e eu nunca gostei de lambida de cachorro.  Nessas horas eu ficava um pouco irritada.
Mas como ele era carinhoso, fiel, me olhava com aqueles grandes olhos amistosos e cheios de amor. Uma vez um cara  estranho se aproximou do portão quando eu estava do lado de fora e Samurai se perfilou ao meu lado ameaçador.
Adorava ver seu focinho de manhã entre as grades da janela. Ele sempre estava por perto. Só não gostava quando tinha fogos e ele se escondia  debaixo da cama. Como era difícil tirá-lo de lá! Às vezes eu tinha que arrastá-lo.
Quando vim embora para Cuiabá fiquei muito sentida de deixá-lo e  tentei encontrar um lar substituto para ele. Não tive muita sorte na minha primeira tentativa e quando voltei a Cáceres resgatei Samurai, que estava maltratado. Consegui então um segundo lar adotivo, na casa da minha manicure, Dina, uma pessoa adorável. Ela também se apaixonou por Samurai embora ele vivesse às turras com Pingo, seu outro cão.
Quando fui a Cáceres das primeiras vezes ia sempre visitá-lo e ele sempre me reconhecia. Era muito carinhoso. Um dia fiquei sabendo que morreu, de doença. Fiquei triste, mas já não convivia com ele. Sei lá, devia ter um jeito da gente poder homenagear os cachorros que amou. Tive alguns na vida, mas sem dúvida tenho um carinho muito especial por Samurai e Manchinha. Um dia vou contar a história de Manchinha.
Acho que cuidei bem de Samurai e ele foi fiel comigo até o fim. Amor de bicho é uma coisa muito especial e só quem vivenciou uma experiência dessas pode entender o que estou dizendo. Eles não traem, não mentem, não disfarçam o que sentem. São realmente autênticos.


Um comentário:

Blog do Akira disse...

desgosto

a verdade dói demais
diz um ditado antigo
como um tapa na cara
uma cuspida, um soco

meu cachorro morreu
numa noite de agosto
de solidão e desgosto
de velho, cego e louco

berrei de tanta culpa
enterrei-o no jardim
entre plantas e flores
ressecadas aos poucos

enterrei-o em cova rasa
cavada no pé do muro
que perdeu com o tempo
ums pedaços de reboco

hoje bebi uma cachaça
com os nós dos dedos bati
nos versos do meu poema
que ecoou estranho e ôco.

akira yamasaki – 21/04/2011.