domingo, 10 de julho de 2011

Saindo do forno

Acabei de assistir a um concerto lindo no Teatro do Sesc Arsenal. Emocionante. Foi um concerto basicamente de violão de um músico cuiabano que conheci recentemente. Ele se chama Leonardo Yule, tem 31 anos e uma formação acadêmica de respeito. É formado pela Faculdade de Artes Alcântara Machado (FAAM) de São Paulo, mas escolheu morar em Chapada dos Guimarães, onde está envolvido com um projeto de mountain bike para turistas e outro de formação de jovens concertistas.
Na apresentação deste fim de semana ele tocou com três de seus jovens alunos. Tocaram e bisaram "Chovendo na roseira" de Tom Jobim. Tenho especial carinho por essa música que tem sempre o poder de me deixar com os olhos marejados. Algumas músicas são assim, comovem, ainda mais se são tocadas por quatro violões.
O concerto teve outros momentos incríveis. Ele começou com uma peça do compositor Abel Carlevaro, o prelúdio "Evocation", que Leonardo teve a oportunidade de apresentar em 2000 para o próprio Carlevaro.
Depois ele chamou ao palco seu pai, Juliano Yule, e juntos tocaram "Sonata Barroca" de Padre José Gallés e "Danza de la vida breve" de Manuel de Falla, que também tem o poder de me comover.
Depois, se não me falha a memória, ele tocou "Canção para Isadora" do compositor mato-grossense Roberto Victorio - uma peça curta para violão e vibrafone, este executado por Daniel Bayer.
Em seguida, chamou ao palco o contrabaixista Fidel Fiori e ambos tocaram "Lamentos do morro" de Garoto - compositor, arranjador e instrumentista paulista - e "Alma Llanera", canção popular venezuela. Esta segunda peça foi tocada na viola-de-cocho por Leonardo.
O penúltimo número foi uma composição de Celso Machado, "Parazula" , apresentada por Leonardo (violão), Fidel (baixo elétrico), Daniel Bayer (vibrafone) e Sandro Souza (caixa). Gostei tanto que adoraria ouvir novamente.
E, no final, Leonardo chamou seus pupilos para tocarem a já citada "Chovendo na roseira".
Aprendi muito com este concerto. Ele foi simples, mas ao mesmo tempo profundo e surpreendente. 
É impressionante como a gente conhece tão pouco a música, especialmente a brasileira e, mais especialmente ainda, a música instrumental. 
Por exemplo, eu que me considero uma pessoa razoavelmente informada, não conhecia o Celso Machado. Pesquisei na internet (viva o google!) e descobri que ele é um músico fantástico, que toca e ensina violão e percussão, e mora no Canadá. Seu site oficial www.celsomachado.com  está escrito em inglês e diz que ele se apresenta há 40 anos em palcos da Europa, Estados Unidos e Canadá.
Se eu pudesse, gostaria de ouvir tudo de novo.
Às vezes a gente paga caro por um programa e sai insatisfeita. Hoje, paguei R$ 15 por esse concerto e saí muito feliz.


Foto de Leonardo e seus pupilos, gentilmente cedida pelo Tyrannus

Um comentário:

Anônimo disse...

Venho da capital paulista, onde há eventos para todas as tribos. No interior amarguro a ausência de cultura, onde uma festa de peão é o evento magnânimo e único. Deveria ter feito um estágio em outras capitais. Sofro indignado.

Bj