sábado, 16 de julho de 2011

Terra de contrastes

O jornal Diário de Cuiabá publica em toda edição um artigo de seus repórteres ou editores. A publicação segue um rodízio, dirigido pela editora de Opinião do jornal, Tânia. Estou trabalhando lá há exatos dois meses e já publiquei três artigos. Vou compartilhar neste espaço o artigo que está publicado na edição de hoje. O título é "Terra de contrastes".

Cuiabá é uma cidade cheia de contrastes. É uma capital violenta, onde os assaltos não têm hora, nem lugar para acontecer. Na quinta-feira, tentaram assaltar a Casa de Festas no Shopping Goiabeiras à tarde. Na fuga os ladrões atiraram e acertaram um motociclista que teve o azar de estar no lugar errado na hora errada. Como eu sabia que minhas filhas iam lá atrás de ingressos para a Expoagro, fiquei preocupada.
À noite, fui fazer uma matéria para o Diário de Cuiabá no Sesc Arsenal, no Porto. Toda quinta-feira tem bulixo e evito ir porque fica cheio demais. Cheguei pouco antes das 20h e quase não consegui achar nada para comer. A maioria dos vendedores já estava de panelas vazias.  Tinha gente comprando, comendo, sentada na grama do jardim assistindo ao show das bandas osviralata e Tocandira! O Sesc Arsenal estava lotado e, apesar da multidão, rolava um clima festivo, quase familiar.
Nesse mesmo dia, andei pelo Centro no período da tarde e, como sempre, fiquei assustada com a confusão e o barulho. A cidade está muito suja e a gente vê muito maluco nas ruas. Não vi sinais de policiamento, os carros estacionam onde bem entendem – tudo muito caótico.
Cuiabá é uma cidade bonita, mas me assusta. Vim do Rio de Janeiro – uma capital que também fascina e atemoriza. Eu tinha a ilusão de que em Mato Grosso seria possível não se repetirem os erros de outras capitais maiores, se criar uma sociedade mais harmoniosa, respeitosa e feliz.
Não é o que tenho visto. Vejo uma capital de grandes contrastes sociais, sem políticas públicas e uma classe política que respeite o bem comum. Como somos nós, os cidadãos, os responsáveis por ter colocado e manter essa classe política no poder, ando pessimista.
Agora está na moda privatizar tudo – saúde, fornecimento de água, museus. Se o governo é incompetente para gerir, então para que governo? Por que financiar os salários de vereadores, deputados, secretários municipais e de estado, prefeitos e governadores?
É essa cidade – sem segurança, crivada de acidentes de trânsito e pequenas tragédias diárias - que queremos para nós e nossos filhos? Será que somos capazes de mudar esse filme?

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