quarta-feira, 30 de julho de 2008

Malária

Conversei há pouco com uma pessoa muito querida de Cáceres que perdeu o marido há pouco mais de uma semana. Ele era funcionário do fisco estadual e sempre trabalhou em postos nas estradas. Ficava 10,15 dias de serviço e um período equivalente em casa. Morreu de malária! Chegou numa quarta-feira de um município no nortão de Mato Grosso (Colniza, quase na fronteira com o Pará) e começou a ter febre, muita dor na cabeça e no corpo. Acabou vindo para Cuiabá no início da semana seguinte, mas pelo que entendi a malária só foi diagnosticada na quarta seguinte, antevéspera de sua morte.
Faço aqui o registro porque fiquei impressionadíssima. A minha amiga disse que era um tipo de malária "preta", mais grave. Andei pesquisando na internet e descobri que existe um tipo de malária, transmitida pelo protozoário Pasmodium Falciparum, que é considerada a mais grave.
Não deixa de ser uma loucura pensar que alguém, recebendo cuidados médicos, morra de malária em pleno século XXI. Não existe vacina contra malária, mas apenas medidas profiláticas. O Cives (Centro de Informação em Saúde para Viajantes)da UFRJ traz informações bem interessantes sobre a doença.
Li também o relato sobre o tratamento de uma menina de 13 anos, que já estava na décima infecção malárica em cinco anos de Ariquemes, Rondônia. Que loucura! Fico pensando no cotidiano de pessoas como essa menina que sofrem barbaridade com uma doença como a malária. Tristes trópicos!

terça-feira, 29 de julho de 2008

A árvore

7h20m desta terça-feira. Estou levando minha filha à escola, pra variar em cima da hora. No cruzamento da Rua Estevão de Mendonça com a Av. Getúlio Vargas, bairro Goiabeiras, minha filha e eu somos surpreendidas por uma cena de cortar o coração. Uma retroescavadeira derruba uma árvore sem a menor comiseração.
Ah, a Prefeitura de Cuiabá está reformando a Praça 8 de Abril, mas sempre desconfio dessas reformas de praça que começam derrubando árvores que davam sombra a pedestres e veículos. Vivemos num mundo em que só deveria ser permitido derrubar árvores em caso de perigo iminente, que não me parece a situação.
Estou me lixando para a estética dos idealizadores da reforma, que parece ser apenas mais uma obra a toque de caixa de véspera de eleição. Quero aquela árvore de volta!

O engarrafamento

17h45m de segunda-feira. Estou voltando para casa pela Av. Miguel Sutil, também conhecida como Perimetral, que deveria ser uma via de escoamento para o tráfego de Cuiabá. A uns 200m do Trevo do Santa Rosa (não tenho muito noção de distância em metros), o engarrafamento começa. Dá um desespero e a gente não tem alternativa. Duas caminhonetes daquelas poderosas passam por cima do canteiro central e escapam pela pista contrária.
Os carros avançam lentamente e eu fico imaginando o mega acidente que deve ter ocorrido mais à frente. Quando finalmente chego no Trevo, uns 10 minutos depois, tem um caminhão enorme parado e uma Belina na frente, atrapalhando a passagem dos veículos.
Não consegui ver sinais da batida, mas era evidente que o problema estava ali. Não havia policiais, nem os "amarelinhos" (a propósito, por onde andam? Quantos são?) Juro que fiquei feliz por não encontrar um big acidente, mas fiquei inconformada pelo fato de um acidente tão banal complicar tanto a vida de tantas pessoas. Coisas de cidade "grande" mal administrada.

Pena de morte de fato

A Cida não veio trabalhar ontem, em plena segunda-feira, mas juro que não fiquei chateada com ela. Fiquei foi muito feliz quando a vi chegando hoje. As meninas voltaram das férias e o serviço aumentou.
Mas o que está me incomodando hoje é um assunto bem mais grave: não sei detalhes porque não quis nem ler a matéria, mas vi a manchete e ouvi a chamada na TVCA (a Globo local). Um rapaz foi assassinado pela polícia numa delegacia de Sinop (a cerca de 470 km ao norte de Cuiabá). Não é um fato isolado e nem único, mas me incomoda tanto pensar quantos são mortos assim sem chance de defesa. O que ele fez para merecer ser exterminado de maneira tão brutal? Não importa, nada justifica a pena de morte.
Vivemos numa sociedade estranha: a polícia não protege e a pena de morte que não existe de direito existe de fato.
Até quando vamos suportar isso?

domingo, 27 de julho de 2008

Sérgio de Souza

O meu amigo Sérgio de Oliveira, jornalista como eu em Cuiabá, me emprestou o Especial Caros Amigos sobre Sérgio de Souza (1934-2008), criador da publicação "Caros amigos" e considerado um mestre do jornalismo.
Talvez por ter me criado jornalista no Rio de Janeiro, não tenho uma relação próxima com o Serjão, como era chamado, embora saiba que ele esteve envolvido com alguns dos órgãos mais brilhantes do jornalismo brasileiro, como a revista "Realidade". Ele esteve à frente também de projetos ousados como o jornal "Canja", de vida curta, e que tratava só de música, e tantos outros.
A edição especial de "Caros Amigos" é comovente, conta a história dele, traz textos de vários colaboradores e amigos, como José Hamilton Ribeiro. Gente de fibra, que fazia um jornalismo ousado, ético e coerente, e que inspirou tanta gente, como eu a escolher essa profissão.
Serjão não é conhecido do grande público, não ficou rico com o jornalismo, mas é admirado por todos que conviveram com ele.
Enfim, o exemplo de Sérgio de Souza é o antídoto daquilo que escrevi há alguns posts (Crenças negativas). Ele mostra que é possível ser grande sem ficar milionário ou poderoso, e mostra também o peso de nossas escolhas diárias. O mundo hoje é extremamente competitivo e há muito espaço para a superficialidade (o que se veste, o que se usa ...) e pouco para a coerência.
É extremamente difícil não se desviar do caminho que escolhemos.

sábado, 26 de julho de 2008

Alma de Gato

Adorei o novo show do Alma de Gato: "Para pessoas de fino trato". O teatro do Sesc Arsenal estava cheio e o público entusiasmado. Minha opinião é que os rapazes do Alma de Gato são ótimos cantores. Os caras são muito bons, afinadíssimos e versáteis, mas eu tiraria boa parte das piadas, quadros de humor, etc. Ficaria só com a música. Bom essa é minha opinião.
Foi uma experiência incrível ouvi-los cantar músicas que adoro e não ouço há séculos como "O Cantador" de Dori Caymmi e Nélson Motta ("Cantador só sei cantar/Eu canto a dor/ Canto a vida e a morte! Canto o amor") e "Joanna Francesa" de Chico Buarque ("Tu as le parfum de la cachaça e de suor..."). Teve surpresas também como "Pelos olhos", canção de Caetano Veloso que desconhecia, e o samba "Alma de Gato", de autoria de Gilberto Nasser. Muito bom mesmo! Parabéns a Jefferson Neves, Gilberto Nasser (meu colega no coro Cantorum), Jefferson Vale, Evaldo Sampaio, Helberth Silva, Marcos Ardevino e Renato Marçal.
PS. Depois do show fui matar saudades da banda Six Tons no bar Clube da Esquina. Outro astral, repertório completamente diferente (rock, blues), mas também muito bom.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Gracias a la vida

São quase 7h da noite e minha empregada, Cida, acabou de me ligar pra dizer que se esqueceu de deixar a cenoura como eu pedi. Fiquei atônita! Olha que senso de profissionalismo. Detalhe: hoje ela veio trabalhar morrendo de dor de garganta. E aí ainda vem gente reclamar da mão-de-obra doméstica ... Ou sou muito privilegiada ou sei lá ... Tenho muita sorte com as pessoas que trabalham na minha casa. Pelo menos, até hoje. E como preciso muito dessas pessoas, agradeço por poder contar com elas. Se eu pudesse, daria um aumento pra Cida hoje por sua preocupação com a minha cenoura do almoço de amanhã.
Aproveito o gancho pra dizer que tenho andado muito baixo astral. Não sei por que, mas tenho uma âncora que me puxa pra baixo às vezes. Mas, hoje, pelo menos hoje, quero tomar pra mim os belos versos de Violeta Parra: "Gracias a la vida, que me ha dado tanto".

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Dicas culturais


Faz tempo que não agito uma agenda cultural neste pedaço. Acho que é por falta de ir a eventos culturais. Mas hoje recebi por email o cartaz de divulgação de um show do Paulo Monarco, que vai acontecer no dia 7 de agosto no Choros&Serestas (Chorinho), às 21h. O show chama-se "Malabares com farinha". O título, meio estranho, dá nome a uma bela canção do artista. Acredito que esse show deve ser meio parecido com o que assisti no Festival de Inverno da Chapada, que foi muito legal. É uma bela oportunidade para conhecer o trabalho desse carinha, que é muito jovem e talentoso. Ele tem personalidade musical mesmo quando interpreta composições de Chico Buarque e outros.

Outra dica cultural é o show do conjunto vocal masculino Alma de Gato neste fim de semana no Teatro do Sesc Arsenal. O título é "Para pessoas de fino trato". Parece que o repertório mais intimista. Acho ótimo. Gostei bastante do outro show que vi - "Vale a pena ouvir de novo" - mas não gostei de alguns excessos nos sketches (não sei se é assim que se escreve). Os caras cantam bem demais para perder tempo com bobagens. Pretendo conferir.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Perdão

Hoje vivi uma experiência interessante no curso de PNL do qual já falei neste espaço. Fomos convidados a escolher um "tema" para fazer um trabalho interno e escolhi o perdão. Acabei descobrindo - sem entrar aqui em maiores detalhes - que fui capaz de exercer o perdão numa situação recente. Porém, o que deveria ser motivo de orgulho para mim - a capacidade de perdoar, uma das coisas que acho mais difíceis no ser humano - tornou-se um motivo de vergonha, de auto desprezo. Algo que eu precisei justificar para mim mesma e para outras pessoas mais próximas mil vezes.
Estranho isso, não? E aí vem a segunda parte dessa descoberta: eu acredito ter perdoado naquele momento a outra pessoa, mas não me perdoei por tê-la perdoado. Não é muito louco?
Por que não sou capaz de me perdoar? Por que sou tão exigente em relação a mim mesma?
Peço desculpas a meus leitores fiéis e outros nem tanto por esse momento de auto-análise braba.
Não sei se seria capaz de compartilhar isso verbalmente com outras pessoas, mas aqui por alguma razão, não me furto a falar do fato.
Espero que essa experiência me ajude a mudar um padrão de comportamento que provavelmente tem raízes antigas. Onde? Ainda não sei.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Pantanal: vale a pena ver de novo?

Hoje saí mais cedo do ensaio do Coral Cantorum (o regente estava muito gripado) e passei na casa de um casal amigo para deixar uma encomenda. A TV estava ligada no SBT e começamos a ver a novela "Pantanal". Desde que começou essa polêmica em relação aos direitos de exibição da novela - uma produção da extinta TV Manchete que tirou a Rede Globo do sério - eu tinha curiosidade de rever "Pantanal".
Para mim é ao mesmo tempo gostoso e doloroso assistir à novela. Imagino que o mesmo deve acontecer com os atores que participaram dela. Alguns sumiram, como a moça que faz a personagem Guta; outros envelheceram. É ninguém fica imune ao tempo e já se passaram 18 anos, se não me falha a memória, entre a primeira exibição e esta reapresentação.
Eu tive a honra de ver "Pantanal" no Pantanal. Isto é, eu assisti à novela na época em que mais fiquei na fazenda que um dia tive no Pantanal e que na verdade pertencia ao meu ex-marido. Não sei se por coincidência, ele vendeu a fazenda e poucos meses depois nos separamos. Acho que foi o fim de uma etapa para ele e para mim. Um sonho. Fui muito feliz no Pantanal, apesar dos mosquitos, dos morcegos, dos ratos e das baratas que infestavam a casa, e das cobras que apareciam de vez em quando.
Morro de saudades do povo de lá. Aliás desde ontem venho pensando como gostaria de reencontrar algumas pessoas que trabalharam conosco nesse período: Ledina, Branca, Adelaide, Doralice, mulheres com nomes bonitos e vidas nem tanto. Ih, tenho muita história para contar sobre elas. Totó, Gringo, Bastião, Chiquito, homens fortes e crescidos por fora, mas crianças por dentro. O que será que foi feito de todos eles? O que aconteceu com seus filhos, crianças que vi ainda pequenas e que fizeram parte da infância de minha primeira filha. Destinos tão diferentes ...
Do fundo do coração, queria poder visitar cada um deles e agradecer o carinho com que me trataram, a "dona" do André que não sabia cozinhar e preferia ir pro campo "andar à toa" do que ficar cuidando de casa. Mas que gostava de fazer biscoito, bolo, doce-de-leite e imaginava que podia se tornar uma escritora no Pantanal.

domingo, 20 de julho de 2008

A grande família

Vivemos num mundo louco. Hoje cheguei cansada de viagem (fui a Diamantino, a cerca de 200 km de Cuiabá, a serviço da revista Produtor Rural) e acabei passando a noite me comunicando com amigos e família. Conversei com meu amigo Glauco, que está na Itália, com minha sobrinha Maria Rosa que mora no Rio e com outra sobrinha, Dete, que mora nos EUA. Interrompi a conversa com ela para conversar no telefone com minha irmã Jane, que mora no Rio, e outra, Anna Maria (mãe da Dete) que está passeando no Rio. Enquanto falava com ela, minha filha Marina me ligou de Cáceres no celular.
Agora estou me preparando para ir dormir, sem ter ido ao supermercado, como era meu plano.
Enfim, as telecomunicações nos permitem contato com amigos e parentes distantes e atenuam a sensação de distância, porém nada como a possibilidade de encontro ao vivo, com direito ao abraço e a uma troca mais intensa de energia.
Neste fim de semana fui fazer uma reportagem diferente na fazenda de uma família descendente de alemães, que se mudou do Paraná para Mato Grosso há 50 anos. Participei de uma festona, cujos detalhes vou contar na edição de agosto da revista. Mas, de qualquer maneira, antecipo aqui que morri de inveja daquele povo que conseguiu reunir numa festa boa parte da parentada. Veio gente do Sul, de São Paulo e até dos EUA. Todos muito felizes e emocionados com o reencontro e se dizendo "uma família abençoada".
A minha família também quis promover um encontro assim, mas por falta de uma data comemorativa forte o suficiente para juntar a galera ou de um lugar estratégico onde todos pudessem se hospedar sem muito custo, o evento ainda não aconteceu. Infelizmente. Enquanto não acontece o jeito é matar as saudades via internet e telefone.
Família, às vezes, enche o saco, mas é uma das melhores coisas da vida. Eu amo a minha família e sou muito grata à vida por ter me dado essa grande família espalhada por esse mundão afora.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Crenças negativas

Hoje, no curso de PNL (Programação Neurolingüística), o professor falou muito sobre crenças e medos que os pais colocam em nós. Não se trata de passar a vida inteira cobrando-os por isso, tipo aquelas pessoas de 40/50 anos que ficam cobrando coisas dos pais ou culpando-os por suas escolhas erradas ou fracassos. Porém reconhecer isso, concordo, é um passo significativo para uma "cura" interior, uma mudança de rota na vida.
Conversando depois com uma colega do curso, ela me falou de sua experiência com uma mãe castradora (o termo é meu) e, de repente, eu me lembrei de quanto me marcou um comentário não do meu pai ou de minha mãe, mas de um cunhado que fez o papel de pai para mim num período importante da minha vida. Quando, aos 11 anos, revelei minha decisão de ser jornalista, ele não hesitou em demonstrar sua decepção e disse com todas as letras que jornalismo era "profissão de gente burra".
Por mais que eu admire outros jornalistas, não consigo superar essa "crença" e talvez por isso viva me cobrando por não conseguir ter uma vida financeira mais próspera e equilibrada. Não consigo valorizar meu trabalho e a sociedade, convenhamos, nem sempre colabora para que eu sinta diferente.
Enfim (suspiro), será que ainda dá tempo de mudar isso na minha vida? Acho que esse sentimento, de que escolhi uma profissão "mais fácil", contribui muito para minha baixa auto-estima.
Adoraria que meus colegas jornalistas que eventualmente lêem esse blog comentassem esse tema. Vocês podem estar contribuindo para a minha felicidade!

quarta-feira, 16 de julho de 2008

De pés descalços

Hoje me dei conta de uma coisa muito importante e difícil de admitir: não desejo que minhas filhas sejam parecidas comigo ou sigam meus passos. Não acho que eu seja bom exemplo para elas.
Isso quer dizer que não estou satisfeita comigo, suponho. E isso é grave. A gente fala o tempo todo em auto-estima, mas como é difícil ter essa tal da auto-estima.
Percebo que sei me preservar, cuido de mim e isso não deixa de ser uma forma de se auto-estimar. Mas percebo também que não sou fã de mim mesma, é como se tudo que eu fizesse ou conseguisse fosse pouco diante do que espero (ou esperava) de mim.
Por isso não desejo que minhas filhas sejam como eu. Embora eu tenha uma história extraordinária de uma certa forma, não consigo sentir orgulho dela. Falta em mim um pouco de ousadia, um pouco mais de coragem, um pouco mais de paixão.
Percebo que estou entrando num terreno muito delicado e difícil. Sinto que estou andando sobre pedras e meus pés estão descalços.

Terror

Não dá pra ir dormir sem comentar duas cenas que me chocaram muito hoje. A primeira é o vídeo super exibido do interrogatório do rapaz canadense preso em Guantánamo. Sinceramente, foge à minha compreensão que os EUA mantenham impunemente uma prisão como essa, onde presos são mantidos por anos e anos sem qualquer julgamento, sem direito a advogado.
A outra cena foi a ação policial no Rio em que seqüestrado e seqüestrador mereceram o mesmo tratamento desumano dos policiais. Fico imaginando os momentos finais do rapaz seqüestrado. Terror puro!
Esses últimos acontecimentos do Rio de Janeiro (a morte dos três rapazes entregue pelo Exército aos traficantes e da criança fuzilada no carro da mãe) têm me lembrado uma música do Chico Buarque, que ele assinou sob o pseudónimo de Julinho da Adelaide no tempo da ditadura, e que diz "Chame o ladrão". É a ditadura se foi, mas a ironia do Chico continua tristemente atual.

terça-feira, 15 de julho de 2008

PNL

Estou meio confusa e o pior que não posso dizer porquê (será que acertei dessa vez?). Bom, vou falar de amenidades porque não consigo de falar de nada muito sério depois das 21h. Comecei a fazer hoje um curso de Programação Neurolingüística - PNL para os mais íntimos. É um curso oferecido pela empresa para a qual presto serviços.
Hoje, primeiro dia de curso, foi um dia de descobertas para a maioria. O professor (?), orientador (?), animador (?) me pareceu meio despreparado. Talvez essa impressão tenha ficado de alguns erros de português. É possível ser um bom facilitador de PNL e não saber português? Talvez, mas sempre me incomoda um pouco. Mas, já que estou lá, estou disposta a aprender essa técnica que alguma pessoas alegam ter feito milagres em sua vida.
Nesta manhã, desenhei como eu sou - fiz uns dos desenhos que costumava fazer quando ainda gostava de desenhar - e inclui alguns atributos à figura desenhada, que supostamente era eu. Alguns, positivos. outros, nem tanto. O facilitador (?) perguntou: "Até quando?" na frente de todo o grupo e respondi: "Estou aqui pra tentar mudar". Aplausos puxados por ele.
Enfim, dá pra sentir que não consigo levar muito a sério esse tipo de coisa, mas juro que quero mudar algumas crenças, algumas posturas. A mais importante delas - e que vem me pertubando muito nos últimos dias - é a de que não sou capaz. É como se houvesse alguém que olhasse pra mim e dissesse: "Daqui você não passa. Você não vai conseguir". Vocês não têm idéia de como é difícil lidar com isso apenas no plano racional.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Consciente/inconsciente

Hoje eu me senti muito cansada. Cansada de cuidar de filha, de pagar contas, escrever sobre agronegócio. Me deu vontade de tirar férias, passar uns dias na beira do mar, só ouvindo o barulho da água e sentindo aquela brisa gostosa. E o sol queimar na pele, sem medo de pegar câncer ou ficar velha.
Ah, acho que um dos momentos mais divinos da minha vida foi um fim de tarde em Ubatuba (SP) quando eu tinha uns 15 anos. Eu e minhas sobrinhas fomos a uma praia que estava completamente deserta. Foi tão gostoso. deu uma sensação tão grande de plenitude que nunca mais me esqueci daquele momento.
É claro que houve outros momentos tão intensos, mas agora pela saudade do mar eu me lembrei desse. Adoro o cheiro, o gosto do mar e morro de pena de quem nunca conheceu o mar. Aliás, adoro água: mar, cachoeira, rio, piscina, qualquer coisa molhada serve.
Tem tanta coisa barra pesada rolando pelo mundo, mas disso vocês já sabem o bastante. O que quero mesmo compartilhar hoje aqui é uma coisa muito interessante que ouvi ontem de um amigo. Não posso dizer seu nome porque não lhe pedi autorização, mas pra mim ele é uma pessoa muito especial. Ontem, entre outras coisas profundas e divertidas que me disse, ele falou que "o consciente é a mediocridade". Completou: "O inconsciente trabalha com a utopia".
De repente, me dei conta de que quase não tenho dado folga ao meu consciente (ou seria ao meu inconsciente?) Acho que é por isso que me senti triste e estressada hoje.

sábado, 12 de julho de 2008

Dos deuses!

Esqueci de contar ontem que comi um almoço maravilhoso. Foi em Barra do Bugres, no caminho de volta para Cuiabá. Me deu vontade de comer peixe e decidimos parar em Barra, que, como o próprio nome diz, é uma cidade situada na barra do rio Bugres.
Paramos no Ricardo's Grill (o nome é terrível), um dos restaurantes mais tradicionais da cidade, que já tem até filial em Tangará da Serra (chique, ?) Pedimos um rodízio de peixes. O que é aquilo? Uma refeição dos deuses! Pacu assado, ventrecha de pacu, peraputanga assada, cachara no espeto, filé de cachara, mais salada (com um palmito que desmanchava na boca de tão bom), arroz, uma espécie de tutu de feijão e pirão de peixe. Hum, só de lembrar me dá água na boca.
Ainda tinha direito à sobremesa: doce de leite, laranja e furrundu. Eu ataquei (de leve) o furrundu, que amo e é a cara da minha mãe.
Tudo isso custava por pessoa menos de R$ 30. Se algum dos meus leitores passar por Barra do Bugres ou Tangará da Serra, não deixe de conferir a minha dica culinária.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Viagens e outros babados

Estou tão cansada que tenho medo de escrever besteira, mas não quero ir dormir sem atualizar meu blog.
Eu me transformei num ser viajante no sentido literal. Cheguei na terça bem tarde de Goiânia e na quinta fui pra Campo Novo do Parecis, no interior de Mato Grosso, fazer uma matéria sobre a cultura de algodão. Fomos eu e o fotógrafo, Mauro Panini, de carro, à noite, por essas estradas não tão confiáveis do interior de MT. Mas, felizmente, correu tudo bem e até foi gostoso.
A noite estava linda, estrelada e a gente conversou quase o tempo todo. Só no finalzinho, apaguei um pouco. Só pra vocês terem um termo de comparação: em termos de quilometragem é como se tivéssemos saído do Rio à noite e ido dormir em SP, e voltado no dia seguinte. É muito chão!
Aqui em MT é sempre assim: tudo é muito distante. As estradas são mal sinalizadas e praticamente não têm acostamento. É meio loucura encarar uma estrada dessas à noite. Ossos do ofício!
Agora, estou em casa morrendo de sono, mas resistindo a ir pra cama.
Ontem, antes de viajar, tive um insight muito legal: a gente só dá aos outros o que pode e tem pra dar. Deixa eu explicar melhor: na véspera, a moça que fez minhas unhas estava se queixando das filhas e dizendo que elas só vão dar valor aos pais quando os perderem. Senti que ela estava muito magoada com os filhas e fiquei com pena dela. Fiquei pensando no quanto a maioria dos pais se dá aos filhos, mas sempre na esperança de obter reconhecimento, aquela coisa meio de vítima, "olha quanto eu me sacrifico por você, etc, etc"
Na realidade, a gente dá porque ama os filhos, quer seu bem, e é gostoso dar, mas o ato de dar deve ser bom pra quem deu (e muitas vezes, é mesmo).
Como disse no início estou muito cansada e talvez não tenha conseguido me explicar bem, mas tudo isso tem a ver com um gesto que fiz para minha filha e que, embora simples, me deu uma sensação de plenitude. Isso tem a ver com o meu aprendizado da Cabala.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Salada mista 2

Caramba! Eu não abandonei o blog, muito pelo contrário, estou morrendo de saudades dele. Acontece que os últimos dias foram corridos. Sábado e domingo, Chapada dos Guimarães, com direito à estréia do coral "Na Boca do Povo" do Sindicato dos Jornalistas, no Festival de Inverno. Foi bem legal, dizem as más e boas línguas.
Dormi na Chapada depois de assistir a uma apresentação fantástica da Orquestra de Sopros do Projeto Ciranda com o músico, compositor e regente Itibirê Zwarg. Confesso que estava por fora (como faz falta ler jornal!) e caí na apresentação de pára-quedas. Só depois fiquei sabendo que esse Itiberê era o velho Itiberê que toca com o Hermeto Paschoal há décadas. Que energia, que vibração dos músicos, uma coisa contagiante!
Na segunda-feira, mais uma viagem: Goiânia, a serviço da revista e a convite de uma empresa multinacional do setor do agronegócio. Na terça-feira foi pauleira: viajamos de ônibus para uma fazenda a cerca de 200 km de Goiânia e retornamos em cima da hora de pegar o avião de volta pra Cuiabá. Não tive acesso à internet ao longo dos dois dias, daí a minha ausência. Que falta faz ter um notebook nessas horas! Revi duas queridas amigas na minha noite de folga em Goiânia: Camila e Ana.
Para não me alongar demais, quero terminar registrando a morte do escritor mato-grossense Ricardo Guilherme Dicke, que vem sendo considerado um dos maiores autores brasileiros contemporâneos, embora seja ainda bastante desconhecido entre nós, mato-grossenses. É engraçado que na quinta-feira passada comentei com o amigo Lorenzo Falcão, jornalista, poeta e companheiro de coral, que estava lendo pela primeira vez um romance do Dicke, "Rio abaixo dos vaqueiros", que ganhei do próprio Lorenzo há uns dois anos. É uma leitura difícil, porém fascinante. Mergulhei no livro numa das últimas viagens que fiz e que me deixou horas no aeroporto, mas ainda não o terminei.
Enfim, quero apenas registrar aqui a morte desse artista chapadense e chamar atenção dos meus poucos e fiéis leitores para este escritor altamente original.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Salada mista

Há tantas coisas interessantes para se comentar ... Algumas já estão meio antigas como a final da Taça Libertadores da América com a derrota do Fluminense nos pênaltis. Sou botafoguense e nunca pensei que poderia torcer tanto pelo tricolor carioca, mas torci. Em vão ... Minha filha mais nova que é flamenguista quase chorou diante da perda sucessiva de pênaltis pelos jogadores do Fluminense.
É não é só botafoguense que sofre ...
Queria falar sobre a libertação de Ingrid Betancourt. Foi emocionante vê-la falar e reencontrar seus filhos após seis anos de cativeiro.
Queria comentar ainda a ocorrência de mais uma explosão no Shopping Três Américas em Cuiabá. Até quando esse shopping vai ficar nos assustando com pequenas explosões? Eu não piso mais lá, mas será que será necessária uma big explosão, daquelas com muitas vítimas que são noticiadas no Jornal Nacional, para que alguma providência seja tomada em relação à segurança do local?
Todos esses assuntos, entretanto, ficaram pequenos diante de um fato maior: a morte de mais bebês em Belém. Já são 24! Esse fato, na minha avaliação, é mais grave que qualquer outra tragédia nacional. Só quem já teve um filho pode ter idéia do que é carregar um ser durante 9 nove meses na barriga e depois vê-lo ir embora assim tão rápido. É muito triste (e não consigo entender isso do ponto de vista espiritual) a morte de tantos seres que sequer tiveram a oportunidade de viver um pouco mais.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

O prêmio que não ganhei

Bom dia! Estou em SP num hotel bacana e aguardando o momento de voltar para Cuiabá, sem prêmio (leia-se troféu, cheque) na mão. Porém, como eu, outras 10 pessoas também passaram por essa experiência, de não ouvir seu nome na hora do anúncio do vencedor. Não vou negar que o dinheiro do prêmio seria extremamente bem-vindo, mas juro que foi muito legal a experiência toda.
A equipe da Massey Ferguson, organizadora do prêmio, foi 10 na recepção ao pessoal que veio de fora e o jantar de premiação foi muito agradável. Além disso, fiz ótimos contatos profissionais e pessoais.
Enfim, não tenho muito tempo para escrever porque estou usando um cartão de cortesia do hotel e o reloginho não pára, mas não poderia deixar de registrar dois fatos: saí do hotel, que fica numa região afastada do metrô, e fui a um shopping de decoração. Passeei na loja da Tok&Stok, que sempre foi uma das minhas preferidas no Rio. Vi tanta coisa bonita, tantos quartos, sofás e me deu muita saudade da minha vida no Rio há 20 anos. Eu me lembrei, inclusive, que comprei um sofá cama que até hoje está na minha casa com o dinheiro do primeiro prêmio de jornalismo que ganhei (o Esso). Não foi na Tok&Stock, mas numa loja super charmosa do Shopping da Gávea. Bons tempos ... Se eu tivesse ganho o prêmio ontem, quem sabe???
A outra coisa que queria compartilhar é que vim relendo ontem no vôo o livro sobre o poder de realização da Cabala, que ganhei de uma sobrinha. É muito bom! E lá diz exatamente que a gente não deve se lamentar e fala também sobre o poder das palavras. Outra lição importante é quanto a ter um propósito na vida. Meu tempo está se esgotando (acabei de receber o aviso). Paro por aqui e continuarei o assunto em Cuiabá.