quinta-feira, 7 de abril de 2011

Tragédia no Rio

Hoje eu pensava em falar sobre o Dia do Jornalista ou o aniversário de Cuiabá (8 de abril), mas não tenho como ficar imune à tragédia do Rio de Janeiro.
O que dizer? Tudo que dissermos será nada diante de uma coisa tão terrível que deixará marcas para sempre em todos que viveram a tragédia diretamente.
Ontem eu questionava a existência dos anjos da guarda, pois é, parece que um monte deles cochilou hoje de manhã. Quem crê vai dizer que muitos deles evitaram uma tragédia maior. Tudo é relativo e depende do ponto de vista.
Fico imaginando o desespero da professora que, segundo o telejornal da Rede Globo, teria visto o atirador entrar e teria permitido que continuasse seu caminho diante da informação de que tinha vindo fazer uma palestra. Se esse servidor tivesse barrado a passagem provavelmente estaria morto, porém talvez tivesse evitado outras mortes.
Ouvi especialistas dizendo que a escola deixou de ser um local seguro. Faz tempo, né? Tudo bem que nunca tivemos no Brasil tragédias desse tipo, mais comuns nos Estados Unidos, mas o que dizer diante dos casos diários de violência? Tráfico de drogas; professores ameaçados, espancados; alunos assassinados e espancados nas dependências das escolas, fora os casos anônimos de bullying. Vídeos exibidos na internet de alunos (e alunas) se degladiando nas dependências de escolas ou no seu entorno.
O perfil do assassino de Realengo tem tudo a ver com as características dos matadores/suicidas de outros casos semelhantes ocorridos em outros países: solitário, introspectivo, sem antecedentes criminais. Psicopata como disse apressadamente o governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral?  Parece que não, mas, com certeza, um cara sofrido, atormentado, que busca a morte (a dos outros e a sua) para se fazer visível a uma sociedade que consegue ser muito cruel com algumas pessoas.
É claro que nada justifica o ato insano. Ele só demonstra que as pessoas são capazes de grandes gestos de amor e de ódio.
O difícil é lidar com isso e, principalmente,  ajudar crianças e adolescentes - pessoas com quem a vida deveria ser mais generosa - a lidar com isso. Só tenho certeza de uma coisa: esse tipo de tragédia deve ajudar a melhorar a segurança nos espaços públicos e a convivência entre as pessoas, e jamais incitar mais ódio. Disso, já temos bastante.

Um comentário:

Terezinha disse...

Quando daquela matança de crianças numa escola da Chechênia (lembra?), uma amiga minha, pessoa muito espiritualizada, disse que a matança aconteceu "porque estão precisando de anjos lá em cima".
Não sei se acredito nisso, mas, para quem está no sofrimento, esse tipo de explicação talvez seja um consolo.