terça-feira, 19 de abril de 2011

Sessão Nostalgia

Gente, como a profissão de jornalista está desvalorizada! Provavelmente outras profissões liberais também estão, mas posso falar com mais propriedade da minha realidade.
Eu nunca sonhei ser milionária e acho que se eu quisesse ganhar muito dinheiro jamais teria me tornado jornalista. Mas eu queria ter dinheiro para pagar minhas contas, ter uma certa tranquilidade quando ficasse mais velha. Nunca planejei me casar, ter filhos, ser sustentada por um marido ...
É engraçado como as coisas vão acontecendo na vida sem que a gente planeje. Acabei me casando, tendo filhos, abandonando a profissão de jornalista por alguns anos e a retomando depois (com alegria). Tudo isso já contei nesse espaço de alguma forma. O que me espanta é como mudou a realidade de um jornal diário!
Eu fico me lembrando da redação dos jornais em que trabalhei no final dos anos 70 e na década seguinte. Mesmo a Última Hora, que já não vivia sua fase áurea, tinha uma certa estrutura. O segundo caderno, por exemplo, tinha um editor e um subeditor. 
 O "Jornal do Brasil" então era um luxo! Aquela redação enorme com várias editorias, editores, subeditores, pauteiros, chefes de reportagem, subchefe, secretário. Tinha até contínuo - os office boys, aqueles meninos super simpáticos que quebravam mil galhos para nós. Tinha lanchonete, restaurante, motoristas incríveis, ascensorista (eu não me lembro do nome de um deles, o mais querido, só sei que ele sofria muita gozação quando o Vasco perdia), um estacionamento enorme cheio de carros, onde uma vez tive a capacidade de apertar meu dedo na porta do meu carro.
No mesmo prédio (na avenida Brasil 500), funcionavam também a Rádio JB, a agência de notícias. Tudo isso são lembranças porque há muito tempo o JB já não é mais esse gigante. Hoje ele se tornou virtual e perdeu o posto do jornal mais tchan do Rio para O Globo faz tempo (ainda bem que eu não estava lá para presenciar esse fim).
Nos últimos dias, eu me lembrei muito da época em que trabalhei na Editoria Nacional e via o jornalista Zuenir Ventura iniciando a edição do Caderno B, onde sempre sonhei trabalhar. Hoje eu tenho a chance de editar o "caderno B" de um diário cuiabano, mas como tudo é diferente!
A propósito, quando deixei o JB para vir morar em Mato Grosso em outubro de 1988 eu ganhava bem. Não tenho ideia de quanto. Só sei que deixei a Veja para retornar ao JB ganhando um pouco mais do que ganhava na sucursal da revista, que não era pouco. Em pouco mais de um ano que trabalhei nessa última fase do JB recebi um convite para trabalhar no segundo caderno de O Globo e outro para trabalhar em O Dia, que estava em franca ascensão. Como a diferença salarial era pequena, preferi continuar no JB. Bons tempos, hem?

PS. Eu me lembrei do nome do ascensorista: Vovô!

Nenhum comentário: