segunda-feira, 18 de abril de 2011

Gratidão

Tento vencer o desconforto do calor e driblar o desejo de me atirar numa piscina para atualizar o blog - antes tarde do que nunca.
Estranha obrigação essa, que se mistura com o prazer de confidenciar com amigos antigos e os novos que vão chegando minhas últimas aventuras.
Hoje eu teria muito o que contar, mas vou me ater a um episódio vespertino que me deu imenso prazer.
Fui convidada para fazer uma palestra sobre meu livro ("Cantos de amor e saudade - a história de Cáceres contada através das lembranças de vó Estella") para um grupo de terceira idade numa clínica de Cuiabá que se chama Humanizar.
Fiz uma entrevista há alguns meses com uma psicopedagoga, que é uma das donas do lugar e minha vizinha. A conversa foi tão boa que acabei lhe falando de meu livro e, para variar, acabei lhe dando um exemplar.
Há três semanas ela me interfonou perguntando se eu faria a palestra e, para minha surpresa, ainda me ofereceu um pro-labore. Foi a primeira palestra paga da minha vida. Disse também que eu poderia levar alguns livros para vender.
Na confusão que tomou conta da minha vida nos últimos dias, nem tive muito tempo para curtir a expectativa. Cheguei lá hoje poucos minutos antes do horário marcado e me vi diante de uma plateia de sete senhoras e mais duas pessoas da própria Humanizar.
Foi tão gostoso! Durante uma hora eu me lembrei do processo de criação de "Cantos de amor e saudade", que se chamou "Estrela de uma vida inteira" em sua primeira versão, lançada em 1998. Eu senti minha voz embargada e meus olhos marejados ao me lembrar de meus encontros com dona Estella e do jeito carinhoso com que ela sempre me recebia. Eu me lembrei de quanto fui feliz naquele período, apesar das dificuldades enfrentadas cujas lembranças o tempo vai apagando. Eu me lembrei da generosidade e da sabedoria daquela senhora que eu tive a sorte de conhecer durante os anos em que morei em Cáceres.
Foi tão gostoso ver os rostinhos interessados da minha pequena e seleta plateia, seus risos e manifestações de entendimento. A hora passou tão rápida e, para minha surpresa, todas quiseram comprar o livro e ainda tive que improvisar uma tarde de autógrafos.
Foi bom demais. Coisas desse gênero são tão reconfortantes ...
Faz muito calor e meu corpo reclama por um bom banho, mas não posso deixar de pensar nas palavras de uma senhora que foi a primeira a falar quando finalmente lhes dei espaço para perguntas e comentários. Ela disse que não gosta muito de pensar no passado porque foi muito bom e deixou muitas saudades. Lamentou que hoje as crianças (seu netos ou bisnetos) não possam desfrutar das brincadeiras do passado e fiquem somente diante da TV e de computadores.
Concordo com ela no que diz respeito ao comportamento das crianças de hoje, mas discordo no que diz respeito ao passado. Acho que ele deve ser relembrado, valorizado, embora a gente não possa ficar agarrada a ele e nem deva fazer dele um motivo para tristeza. Ele sempre pode ser fonte de alegria e prazer. Não dá para esquecer as pessoas que amamos. Dona Estella Ambrósio não é da minha família, mas posso dizer que gosto dela como se fosse. Ela foi uma das pessoas mais lindas e importantes que passaram pela minha vida. Eu lhe serei eternamente grata por tudo que me proporcionou.

4 comentários:

Dete disse...

Que coisa mais fantastica. Parabens, Martha!Bjs

Simone Areal disse...

Muito legal! Parabéns!

Terezinha Costa disse...

Que bela experiência, Martha! Parabéns.

Martha disse...

Obrigada!