quinta-feira, 14 de abril de 2011

Sonhando

É incrível a beleza e a riqueza do cancioneiro brasileiro. De vez em quando eu me surpreendo com uma canção redescoberta - uma daquelas músicas que a gente conhece faz tempo, mas nunca deu o devido valor.
Foi o que aconteceu recentemente com "João Valentão" de Dorival Caymmi. Nunca prestei muita atenção na música e acho que nunca fui muito além da abertura, que sempre achei meio estridente:
"João Valentão é brigão
Pra dar bofetão
Não presta atenção
E nem pensa na vida ..."
De repente, ao começar a cantá-la nos ensaios do Madrigal do Avesso, fui descobrindo aos poucos - e graças aos toques do regente Taubaté - toda a poesia e sensualidade da música.
"É quando o sol vai quebrando
Lá pro fim do mundo pra noite chegar.
É quando se ouve mais forte
O ronco das ondas na beira do mar..."
E assim vai, no balanço do mar.
A música evoca em mim as minhas melhores lembranças de momentos mágicos vividos num passado distante.
Recordando acampamentos à beira-mar, que tiveram seu encantamento apesar dos borrachudos e outros atropelos, vou aos poucos me esqueçando do cansaço da lida, como o João Valentão de Caymmi.
Sinto falta do moreno chegando mais perto, querendo agradar (na verdade, nesse momento, eu me recordo de um loiro lindo, dourado de sol) e sigo os passos de João "que nunca precisa dormir pra sonhar"
"Porque não há sonho mais lindo
Do que sua terra"
Assim como "João Valentão", há tantas canções maravilhosas, sugestivas, quase perfeitas. Por isso gosto tanto de música. Há canções francesas, norte-americanas, inglesas, latino-americanas e de outras nacionalidades também belíssimas. Muitas vezes, a barreira da língua nos impede de conhecer canções de outros países, o que é uma pena, porque deve haver outros personagens tão incríveis quanto João Valentão mundo afora.
A propósito, o Madrigal vai cantar "João Valentão" amanhã, no Palácio da Instrução. Tomara que tenhamos essa capacidade de trazer o cheiro e o barulho do mar para o Centro de Cuiabá. 

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