quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Lar doce lar

Não sei se por ter sido uma criança meio solitária, sinto falta de ficar sozinha. Gosto de fazer algumas coisas sozinha: caminhar, assistir a alguns tipos de filme, ouvir música, até dançar e, naturalmente, escrever. Preciso de silêncio para escrever. Isso me traz vantagens em alguns momentos porque me torna menos dependente de outras pessoas, embora aprecie muito a companhia delas. Por outro lado, às vezes a chegada de uma pessoa na minha vida me perturba um pouco porque altera minha rotina.
Eu me lembro que quando era criança tinha sentimentos controversos quando meus irmãos casados chegavam com os filhos. Aquela bagunça toda repentina mexia comigo e quebrava a organização da casa, controlada por minha mãe. As coisas não paravam no lugar, os horários eram alterados e os quartos invadidos por malas e muita confusão. É claro que tinha um lado legal de passeios inesperados em pleno dia de semana, presentes, comidas na rua - hábitos que decididamente não eram do feitio da minha mãe. Eu me sentia dividida: era criança e, portanto, não precisava me preocupar com a arrumação da casa, mas era tia também, o que me dava um status especial e, muitas vezes, incômodo.
Até hoje não sei lidar muito bem com isso: não consigo arrumar a minha casa do jeito que gostaria e quando recebo visitas fico um pouco angustiada. Não sei se estou desempenhando a contento meu papel de anfitriã, mas no fundo gosto de recebê-las. Gosto também de ficar na casa de outras pessoas, amo viajar, porém adoro saber que posso voltar pro meu canto a qualquer momento.

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