Ando meio sem jeito de escrever. No trabalho, às vezes é complicado. À noite, nem sempre tenho acesso ao computador com uma certa tranqüilidade. Mas acabei de ler uma notícia quase trivial, que calou fundo no meu estômago. Uma adolescente da periferia de Várzea Grande foi estuprada por várias rapazes quando saía de um baile na madrugada da última segunda-feira. Seu irmão, que a acompanhava, foi espancado e foi parar no hospital.
A matéria, no estilo básico dos repórteres de polícia (tenho razões para sempre desconfiar um pouco da apuração dos jornalistas locais do setor), conta que a menor escondeu o fato dos pais (?), mas na noite da segunda-feira acabou tendo um ataque de choro e contando o ocorrido.
Novamente me vejo tentando imaginar a história que está por trás da notícia. Que tipo de família é essa, em que a filha é estuprada e não conta para os pais, as pessoas que deveriam mais protegê-la? Severa demais, violenta, lpermissiva?
Talvez a polícia pegue os culpados, eles serão espancandos, talvez alguns fiquem na prisão, mas se saírem ou fugirem continuaram cometendo as mesmas barbaridades.
Acho sempre muito triste ver adolescentes (algozes e vítimas)lançados assim à sua própria sorte ou azar, à margem de qualquer possibilidade de melhoria de vida.
Junto a este desabafo uma outra história trágica que acompanhei no noticiário local de TV: a de um homem que ficou preso por mais de um ano, acusado de um assalto a banco, no lugar do irmão. A história é estranha: o verdadeiro assaltante deu o nome do irmão quando foi preso, fugiu e a polícia acabou prendendo o cara errado no Paraná. Só recentemente o falso ladrão conseguiu que alguém da Defensoria Pública se interessasse por sua história.
Pra não terminar esse post de uma forma tão triste, eu me remeto à apresentação de Ebinho Cardoso ontem à noite. Tão bonita! O cara transforma o baixo elétrico num violão, com uma sonoridade sempre surpreendente. Com jeito doce, Ebinho conversou um pouco com o público, formado em sua maioria por amigos e conhecidos. Falou sobre uma das composições apresentadas, composta depois de assistir ao filme "Hotel Ruanda" que o deixou muito angustiado.
E linda essa coisa do compositor que expressa no instrumento suas emoções. É o que tento de uma forma meio canhestra e quase sempre apressada fazer neste espaço.
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