sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Desigualdade

Acabei de ler que as pessoas estão se conscientizando de que a desigualdade social está aumentando nos EUA. Com isso, a maior preocupação dos norte-americanos passa a ser com o fosso entre pobres e ricos naquele país que até há pouco tempo tinha a economia mais sólida do Planeta.
Por aqui, isso não é novidade. Ontem, eu conversava com a minha manicure, que não é exatamente uma pessoa pobre, e ela contava que anda com muita dor no estômago e sensação de refluxo, mas precisa aguardar que os médicos retornem a seus postos na Policlínica do bairro para poder marcar uma consulta com um especialista via SUS. 
Pensei com meus botões: isso não é justo. Ela trabalha o dia inteiro, dá duro no salão, em casa, e não tem direito a consultar um especialista e a fazer um exame quando está com dor!
Hoje, pela manhã, minha diarista contava que a cirurgia de hérnia do marido marcada para o dia 9 passado não aconteceu por causa das férias dos médicos (no caso, o cirurgião). Ela acha que hoje em dia é fundamental ter um plano de saúde para não ficar tão dependente do SUS.
É verdade, mas, mal sabe ela, que os planos de saúde também não são assim tão confiáveis ... Ainda assim, melhor com eles do que sem. Desde que saí da Famato, posso abrir mão de muitas coisas, mas não deixo de pagar meu plano de saúde religiosamente.
Essas conversas fazem com que eu me sinta desconfortável. Desde menina, sou de opinião que qualquer pessoa deveria ter direito a educação e saúde de qualidade, condições de moradia e saneamento básico, independentemente de ser rico ou pobre. É claro que uma pessoa com mais grana sempre vai poder escolher melhor, ir atrás de um tratamento melhor, de uma cirurgia eletiva. Isso é inevitável, porém tem certas condições que o governo e a sociedade deveriam garantir a qualquer pessoa. ´
É utopia? Mais ou menos. Acho que se não houvesse tanto desvio de dinheiro, tanta corrupção, tanto recurso desperdiçado em obra que não terminam, superfaturadas, equipamentos e aparelhos que nunca são usados, haveria recursos para garantir um sistema básico de saúde razoável.
Talvez a utopia seja imaginar uma sociedade sem corruptos, sem mau emprego de recursos públicos e com mais planejamento. Talvez.
O que me incomoda é a sensação de desesperança, de não ver possibilidades de mudanças de verdade e me sentir tão impotente diante disso. Eu continuo podendo, eles não.

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