quinta-feira, 26 de maio de 2011

Você tem medo de quê?

Ontem estreei na página de Opinião do jornal Diário de Cuiabá, na seção onde se revezam editores e repórteres do jornal.
Acho que vale a pena publicar aqui o meu texto, que talvez se enquadre no gênero crônica.
Uma coisa que percebi ao escrevê-lo: não sei se por força do hábito de alimentar o blog, estou escrevendo com muita facilidade e me habituei a escrever textos mais enxutos, o que é ótimo para uma pessoa prolixa como eu.
Ah, a inspiração do texto é real e a pergunta me foi feita pelo médico homeopata Luiz Augusto Cavallini Menechino, que consultei pela primeira vez no dia 3 passado.
Segue o texto:
- Do que você tem medo?
A pergunta feita de forma inesperada numa consulta com um médico homeopata me desconcertou.
Consegui me lembrar do meu medo mais concreto:
- Tenho medo de barata!
É verdade. Por mais que tente me convencer de que elas são menores do que eu e, portanto, tecnicamente fáceis de serem abatidas, as baratas me aterrorizam desde que me entendo por gente. Ratos, cobras, morcegos não me provocam tanto pavor quanto esses insetos domésticos, principalmente se forem do tipo voadoras.
Mas esse não é o meu tema. A pergunta continuou martelando na minha cabeça: “Do que você tem medo?”
Ora, tenho medo de assalto, de ser vítima de agressão - esses medos que afetam quase todas as pessoas que moram numa capital violenta e insegura.
Mas a resposta mais profunda e dolorida foi chegando aos poucos. Eu tenho medo de envelhecer, de morrer.
Muitos de nós carregamos esse apego à juventude, que é sinônimo de saúde, alegria, esperança. Pelo menos é isso que a mídia, o cinema, a literatura, tentam nos passar. Jovens são belos, felizes e sonhadores.
Ué, por que então quando eu era jovem tinha tantas inseguranças, tanto medo de não agradar, de não ser aceita, de não encontrar a profissão certa, de não ser bem sucedida na vida, de não casar, de não ter filhos, etc, etc?
Por que vemos tantos jovens hoje perdidos, desorientados, alguns muito angustiados e outros tentando de toda maneira encontrar essa tal felicidade em prazeres fugidios ou escusos, que muitas vezes deixam maior a sensação do vazio?
Que conclusão tiro de tudo isso? O medo é inerente ao ser humano, em qualquer fase da vida. Uns têm mais, outros, menos; uns confessam seus medos – principalmente, nós, mulheres, que temos permissão para nos mostrarmos mais frágeis.
Dizem que a maior coragem é superar o medo. Bobagem é tentar negá-lo ou fazer dele uma barreira intransponível, algo que nos impede de tentar novos caminhos. Bom mesmo é poder compartilhar nossos medos, poder falar deles sem medo de parecer ridícula e, eventualmente, até rir deles.
Do que tenho medo? De perder o bom humor e a fé na vida. Quanto ao resto, não há certezas. Tudo é uma questão de fé.



2 comentários:

Rose Domingues disse...

Ele é meu médico também, sabia? Há 12 anos me atende em ginecologista e foi meu obstetra que cuidou do meu filho Pedro, de 11 anos. Também faço tratamento homeopático com ele! Uma das perguntas que ele me fez há um tempo, quando inicei o tratamento homeopático: 'o que você gosta em você?'. Na hora me deu um branco...legal seu texto, adorei! bjos

Martha disse...

Cuiabá é pequeno, né?
Fiquei muito bem impressionada com ele. Ele me foi recomendado por uma jornalista da Folha do Estado.