terça-feira, 24 de maio de 2011

Sem culpa

Hoje acordei mais cedo que de costume para levar minha filha mais velha à faculdade. (Ela disse que sou "um anjo em sua vida". Será?)
Aproveitei para caminhar antes de começar a trabalhar. Durante a caminhada matinal, que prometi a mim mesma repetir amanhã e depois de amanhã, tentei não pensar. Impossível!
Tentei pelo menos pensar em coisas boas e acabei fazendo uma espécie de autoanálise que vou me arriscar a compartilhar neste espaço.
Sou muito reclamenta, como alguns de vocês, leitores, já devem ter notado. Estou lendo um livro que me caiu nas mãos - "Deixe os homens aos seus pés" de Marie Forleo - que tem miuio blá-blá-blá  e um monte de lugares-comuns, porém a autora bate na tecla de que é impossível ser "irresistível" se você for do tipo que reclama demais. Ninguém - homens, mulheres - gosta de alguém que vive reclamando.
Concordo, mas sinto que esse comportamento é meio insistente em mim. Por que? É aí que veio o meu insight: por alguma razão neurótica, fui levada a acreditar que conseguiria a atenção de minha mãe, minhas irmãs e outras pessoas, ao longo da vida, através de queixas, doenças.
O mecanismo é mais ou menos o seguinte: se você está bem não precisa atenção, que será desviada para quem precisa mais, está frágil, doente. Eu me lembro sempre de minha mãe dizendo que precisava visitar uma parente muito próxima e querida dela porque  era carente, sozinha, tinha problemas. Em outras palavras, minha mãe não ia visitá-la porque era um prazer e sim porque era necessário, uma caridade como dizia.
Minha mãe era uma pessoa muito boa, amiga dos amigos, mas ela sempre teve um senso de obrigação social, de dever muito forte. Na minha cabeça infantil, ora, a melhor forma de ter sua atenção integral era não estando bem. Quando eu ficava doente - aquelas doenças bobas de criança - ela fazia vitamina para mim, dava macã raspadinha com colher. Era muito bom!
Não quero dizer com isso que minha mãe só se ocupava de mim quando eu estava doente, obviamente, mas o carinho nessas ocasiões era especial.
Criei então esse mecanismo. Se eu disser para minhas irmãs que estou feliz, tudo está bem, é como se eu contrariasse uma crença interna, de que preciso não estar bem para ser nutrida, acaraciada.
Só que esse tipo de comportamento enche o saco e é muito infantil. Por isso, estou tentando fazer um exercício: parar de reclamar. Como disse no post anterior sempre haverá motivos para reclamar, para não se estar feliz, mas reclamar não ajuda muito, certo? Melhor é procurar uma forma de mudar o que é possível e seguir em frente. Sem culpa.


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