sexta-feira, 27 de maio de 2011

Silêncio de ouro

Ando meio em falta com meu blog. Em parte, a culpa é da obra do apartamento do lado. Que loucura! Trabalho em casa também e o meu tempo não está rendendo desde anteontem. O barulho é infernal e vai tomando conta da casa. Deixa a gente irritada e inoperante.
Anteontem, só consegui escrever um artigo encomendado depois das 6 da tarde, quando o barulho parou. Ontem, tentei trabalhar em casa pela manhã e o resultado foi sofrível. Hoje, só consegui escrever quando os pedreiros pararam para almoçar. Segundo o zelador, eles estão quebrando o banheiro de serviço para mudar os azulejos, mas a impressão que tenho é que estão derrubando o apartamento inteiro.
Sou muito avessa a barulho. Aliás, sou muito sensível a qualquer tipo de ruído. Uma das coisas que me fez trocar a academia convencional pela prática da yoga foi poder fugir do som exageradamente alto das aulas de ginástica ou da sala de aparelhos. Parece que a ideia é deixar a pessoa meio zonza para ela se desligar da monotonia dos abdominais ou outros exercícios repetitivos.
Não consigo conversar em bares com música alta e fujo daqueles que optam por um repertório que não é do meu gosto.
Detesto o barulho do trânsito: o som dos motores, freios e buzinas de automóveis, ônibus e motocicletas.
Adoro o silêncio! Sabe aquela sensação que dá quando você está num lugar onde só ouve praticamente o som de sua voz, de seus passos ou até mesmo de sua respiração. Por isso gosto tanto do Parque Mãe Bonifácia quando tem pouca gente caminhando e dá para ouvir o canto dos pássaros e até as árvores se mexendo em dias de mais vento.
Infelizmente a insegurança dos dias de hoje faz com que a gente tema ficar num lugar muito silencioso e solitário. É uma pena! Sinto muitas saudades de finais de semana passados em Visconde de Mauá e Búzios nos anos 80, no Rio de Janeiro, numa época em que nos aventurávamos - às vezes apenas eu e um(a) amigo(a) - por trilhas intermináveis.
Sinto saudades também dos passeios a cavalo no Pantanal, onde o silêncio chegava a pesar junto com o calor. Muitas vezes voltávamos do campo e era gostoso ouvir a conversa animada dos peões num linguajar que me era quase incompreensível. Tenho saudades também de minhas caminhadas solitárias na pista, interrompidas ocasionalmente por uma cobra ou algum animal pastando.
É, por alguns minutos, consegui me esquecer do barulho da rua e me confortei com o silêncio do passado. Estou precisando passar um fim de semana fora de Cuiabá ...
Enquanto não rola, vou me confortar com alguns sons urbanos bem agradáveis neste fim de semana: o canto de Djavan amanhã à noite e a algazarra gostosa dos amigos da Confraria do Choro no domingo.

Nenhum comentário: