terça-feira, 10 de maio de 2011

Mudando de ramo?

Acabei de ligar para o dono de uma escola de línguas em Cuiabá oferecendo meus serviços como professora. Ele, que se lembrava de mim como professora da francês, ficou surpreso ao saber que estou habilitada a dar aulas de inglês e me prometeu trabalho para o próximo semestre.
Na verdade, a gente se encontrou no final do semestre passado num restaurante e ele me deu seu número de celular para que eu entrasse em contato. Na época identifiquei esse encontro como um sinal de que ficaria bem apesar de ter sido dispensada da revista Produtor Rural da Famato, mas acabei não ligando por vários motivos.
Há poucos dias, numa reunião de pauta da revista com a qual estou colaborando, a dona da empresa responsável pela publicação disse que estava fazendo aulas  de inglês como aluna vip nessa escola de idioma e me lembrei do contato do dono da franquia
Paga-se pouco a um professor de língua estrangeira nessas escolas de idioma e, erradamente, os empresários do ramo não fazem grande distinção entre os professores. Ou seja, em geral, querem um professor que cative a clientela, porém investem pouco no profissional, mas, pelo menos, no caso dessa escola, nunca tive problema para receber. Pelo contrário, fui super bem tratada nos dois semestres que dei aulas de francês lá. Como a escola prosperou muito nesse período, acredito que a situação não mudou nesse aspecto.
É triste, mas é verdade: eu, jornalista veterana, premiada, com especialização em ensino e aprendizagem de língua estrangeira, que já dei aulas em duas universidades de Cuiabá e numa de Cáceres, e trabalhei nos melhores órgãos de comunicação do país, estou com dificuldades para arrumar trabalho. Faz oito meses que saí da Famato! Fiz - e ainda estou fazendo - excelentes frilas, que abriram meus horizontes e garantiram alguma renda, mas preciso ganhar melhor - e de alguma coisa fixa, mensal, com uma remuneração compensadora e que seja efetivamente paga.
Ontem estava lendo o Código de Ética dos jornalistas e diz umas coisas bem legais, entre elas, que o jornalista não deve trabalhar por uma remuneração que lhe pareça aviltante. 
Às vezes eu acho que uma pessoa muito importante na minha infância deve estar rindo de mim onde quer que esteja, afinal, ele recomendou tanto que eu não estudasse jornalismo.
Minha intenção hoje não é me autodepreciar ou me jogar para baixo, apenas estou registrando mais uma vez o panorama maluco do mercado de trabalho: quem tem competência e quer receber uma remuneração justa muitas vezes fica de fora, enquanto outras pessoas ganham muito dinheiro sem sequer trabalhar (estou me lembrando da matéria de ontem do Jornal Nacional sobre funcionários fantasmas na Assembleia Legislativa do Pará).
O importante é o seguinte: tenho que arregaçar as mangas e aproveitar (ou caçar) as oportunidades.
Outro dia brinquei com minha filha mais velha que ia me oferecer para trabalhar como porteira no meu prédio. Os dois porteiros do dia estavam saindo (um deles já saiu) e sendo substituídos por rapazes que parecem bem menos preparados.
Comentei com ela: é um trabalho bom, dá para ler nos intervalos, almoçar em casa e não vou precisar encarar o trânsito para trabalhar. Ficamos imaginando a cara da síndica se eu me oferecesse para o trabalho e dos outros moradores quando me vissem na portaria ...
Se as coisas continuaram assim, quem sabe me candidato quando surgir uma nova vaga?

3 comentários:

Antonio Victor disse...

Martha, tenho certeza que em breve virá o reconheçimento qoe vc tanto mereçe. Passamos, muitas vêzes, por momentos dificeis de ser compreendiddos. Achamos até que o mundo esta brigado com a jente. Isso passa, sempre passará...! Neeses momentos em que passei me apegava em acreditar que tudo isso e passageiro. A natureza nos ensina: Depois da tempestade vem a bonança! Nada melhor que um dia após o outro! O que separa a noite do dia são míseros 30 minutos!
beijos,

Martha disse...

Obrigada pela força, Victor!
Bjs

Dete disse...

Acho que você pode ter perdido um ótimo emprego, mas está aprendendo pra burro em outros aspectos da vida. Me diga uma coisa: se pudesse ter predito o future quando era mais jovem, você escolheria uma outra profissão que não fosse jornalismo, por causa das dificuldades? Não existe um ditado que diz “o que não nos mata nos deixa mais forte”?