quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Lutadores

Hoje estou meio irritada por causa de uma questão mal resolvida - e que talvez se resolva este noite - no meu adorado grupo de canto. Como é difícil se viver em sociedade e como é difícil trabalhar em grupo!
Nesse estado de ântimo, sou atraída por uma chamada no portal Terra sobre uma entrevista na revista Rolling Stones com o lutador de vale tudo brasileiro, Anderson Silva, conhecido como The Spider no universo da luta, e considerado hoje o melhor do mundo.
Essa história de luta é uma coisa que me atrai e me repele ao mesmo tempo, desde que eu era menina e fascinada - como muitos da minha geração - pelo Telecatch Montilla, onde figuras lendárias como Ted Boy Marino fizeram fama ao lado de lutadores do gênero malvado (como Mongol).
Até hoje eu me recordo de um artigo incrível do filósofo francês Roland Barthes (gostaria de relê-lo) sobre o fascínio provocado pela luta livre. Como vocês podem constatar até os grandes intelectuais se rendiam a esse tipo de espetáculo que fazia sucesso em vários países!
Voltando ao Anderson, o que me fascinou no breve techo da entrevista publicado no Terra foi a aparente tranquilidade do lutador e sua imensa capacidade de concentração, ou seja, de focar no aqui e agora, além de sua obsessão por treinar os golpes que lhe renderam tantas vitórias.
No meu "limbo" existencial do momento - em que hesito sobre que rumos quero tomar na minha vida e quais portas devo buscar - elejo nesse momento Anderson Silva como meu guru. O cara sabe o que quer (ganhar a luta, vencer o adversário) e sabe como chegar lá. Deve estar riquíssimo e tem um séquito de fãs.
Só lamento que ele se dedique a uma coisa tão ... sem sentido, na minha opinião. Sei que desde os primórdios da humanidade o ser humano sempre adorou lutar e assistir à luta dos outros, mas sinceramente não consegui até hoje entender qual a graça de ver um cara bater, outro apanhar, sangue espirrando,  expressões de raiva e dor, etc.
O leitor atento talvez me pergunte sobre o porquê então do meu fascínio pelo telecatch no passado. Pois é, nem eu entendo, mas eu acreditava na época que tudo era meio teatrinho. Sei lá.
Há pouco tempo venci minha resistência e assisti  em DVD ao filme "O lutador", que marcou a volta triunfal do ator Mickey Rourke. O filme é excelente, embora eu tenha saído da sala em algumas cenas (dá para imaginar por que), e mostra que as lutas são combinadas entre os lutadores de telecatch, mas isso não impede que haja muita dor e sofrimento tanto para perdedores quanto vencedores.

2 comentários:

Blog do Akira disse...

Martha
Parabéns pelo texto. Síntese excelente da dualidade mocinho/bandido, forte/fraco ou opressor/oprimido.
Maniqueísmo que exerce movimentos de atração e repulsa como voce bem identifica, e que afinal, afirma valores de ordem moral, ética e cultural que referenciam e conduzem comportamentos de grandes setores da nossa sociedade.
Fascinava-me na minha infância e adolescencia, o enredo protagonizado pelo "belo", "manso", "frágil" e "mocinho" Ted Boy Marino que apanhava durante toda a luta do "malvado", "brutamontes" e "sádico" Mongol, mas conseguia a redenção no último minuto vencendo o combate com uma chave imobilizadora fatal.
Um teatrinho, voce tem razão.
Apareça no meu espaço também: blogdoakirayamasaki.blogspot.com.
Um abraço do Akira.

Martha disse...

Obrigada pelo comentário, Akira, de coração. É impressionante como o teatrinho do Ted Boy Marino e seus adversários marcou nosso imaginário. O engraçado é que conheci uma vez o Mongol na gafieira Estudantina ou Elite no Rio de Janeiro. Ele me tirou para dançar e foi um cavalheiro. Se fosse hoje eu tiraria uma foto e postaria no meu blog.