quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Comer, rezar, amar - o filme

Assisti ao filme "Comer, rezar, amar", baseado no livro homônimo que tanto comentei neste blog.
O filme não me entusiasmou. Não consigo me lembrar no momento de nenhum filme baseado em algum livro que eu tenha lido que tenha superado o produto original em qualidade.
É claro que assisti a filmes maravilhosos baseados em romances, contos e outros gêneros literários, porém eu podia até conhecer a história, mas não tinha lido o livro antes.
Quando a gente lê um livro que nos arrebata geralmente cria uma relação muito íntima com a obra, cultivada ao longo de semanas, meses. Nesse meio tempo, a gente imagina os personagens, eles criam vida graças à habilidade do escritor (e à capacidade de nossa imaginação).
A linguagem cinematográfica tem outros meandros e os bons filmes também têm a capacidade de nos impressionar e de deixar marcas indeléveis em nossa memória, mas  o ritmo de livros e filmes é diferente. Coisas que demoram séculos para acontecer num livro precisam acontecer em no máximo três horas no cinema e nem sempre essa passagem de tempo é feita de uma forma legal.
O maior mérito do livro de Elizabeth Gilbert é o tom confessional, o clima de intimidade que se estabelece entre ela e leitores. Sabe aquela sensação de uma conversa entre amigas em que uma tem muito mais para contar?
A história se passa em quatro países: os Estados Unidos, onde ela mora, Itália (onde se dedica ao prazer de "comer", Índia (cenário do "rezar") e Indonésia (onde finalmente se entregar ao "amar"). 
O filme tem produção esmerada e bons atores, embora eu não tenha gostado de Julia Roberts no papel principal, nem do espanhol Javier Barden no papel do brasileiro Felipe. Mas isso tem a ver com a imagem que criei dos dois personagens. Imaginei um Felipe mais maduro, menor sedutor que o Felipe de Javier. Quanto à personagem-narradora, a Liz de Júlia não chegou a me comover.
Aliás, o filme como um todo não me arrebatou. A história ficou arrastada demais e houve momentos em que cheguei a pensar: "Puxa, ainda falta mais um país".
Além disso, no livro há personagens secundários que são muito importantes na trajetória de Liz, como a menina Tutti e sua mãe curandeira, porém no filme eles pouco dizem a que vieram.
Enfim, não chega a ser um filme ruim, mas me decepionou como entretenimento e provavelmente será em breve esquecido, ao contrário do livro, que me enfeitiçou.  
PS. Fiquei muito feliz com o Prêmio Nobel de Literatura dado ao peruano Mário Vargas Llosa, um dos meus escritores preferidos. Acabei de vê-lo numa reportagem no Jornal Nacional. Como ele ainda está bonito aos 74 anos!

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