segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Do bem...

Embora eu esteja longe de ter as ferramentas necessárias para fazer uma análise política do momento, não posso evitar fazer alguns comentários sobre o tema neste meu espaço, compartilhado com prazer com algumas pessoas.
Acordei há pouco e, como está se tornando um hábito, liguei a Rádio Senado antes mesmo de tomar meu banho (estou cada vez mais fã da programação, mas esse é assunto para outro post). Ouvi um trecho de propaganda política (argh!) e um novo jingle do candidato José Serra: "Serra é do bem ..." Em contraposição, sou levada a questionar: "Dilma é do mal ?"
Não gosto do rumo que essa campanha está tomando. Quero deixar bem claro que ainda não defini meu voto para o segundo turno, embora tenha minha inclinação. Mas detesto esse maniqueísmo, que pode levar algumas pessoas (ou será que as pessoas não são mais tão ingênuas?) a acharem que um e outro candidato representa o bem ou o mal absoluto. Isso nos remete aos tempos das trevas e naturalmente da ditadura.
Infelizmente (ou não) minha geração cresceu num mundo em que não havia espaço para meio termo. Ou se era a favor da ditadura e do governo militar ou se era contra; ou se era da Arena ou do MDB e, mais tarde, ou se era do PDS ou do PMDB. Aí vieram PT, PSDB, PDT (como uma dissidência do PTB), PCB, PCdoB (os velhos partidos da esquerda banidos sob o governo militar) e, mais tarde, muitos, muitos outros partidos: PP, PPS, PR, PSOL, DEM, PV, só para citar os mais conhecidos. São siglas que deveriam identificar melhor quem é quem, separar o joio do trigo, mas que na verdade vão mascarando as velhas raposas como Sarney, Antonio Carlos Magalhães (já falecido) e outros tão identificados com o velho regime militar ou, como gostávamos de dizer, "aqueles que sempre mamaram nas tetas da ditadura".
Por um tempo até tentei guiar meus votos pelo partido. Com o tempo, larguei de mão. Principalmente, quando você mora numa cidade pequena do interior, vai definindo seus votos mais pelas pessoas do que pelas legendas.
Chegamos hoje a um momento em que os três candidatos com mais chances de conquistar a Presidência são oriundos dos chamados partidos de esquerda. Dois deles passaram ao segundo turno e carregam com eles a escória da direita de 25, 30 anos atrás. O PT de Dilma se aliou ao PMDB, um partido mestre em se manter no poder e que nada mais tem a ver com o heroísmo do MDB do passado, que peitava os militares. O PSDB de Serra se aliou ao DEM.
Então, essa história de fulano é do bem e sicrano ... para mim, não cola! Assim como não aceito a sugestão de que o PT é responsável por todo esquema de corrupção no país. Me poupem!
Gostei de termos um segundo turno, mas nem Dilma, nem Serra são meus candidatos ideais. Tudo isso, na minha avaliação, faz parte de um processo maior de depuração, que ainda vai levar muito tempo. Mas, com o clima do jeito que está no Planeta, será que teremos tempo para chegar lá?
Na verdade, o que quero é tão simples: quero que os recursos gerados pelos impostos sejam bem empregados, quero ver os corruptos na cadeia junto com os demais criminosos, quero que a população sem recursos tenha direito à educação e saúde de qualidade. Não quero ver o filho da minha diarista com o cotovelo quebrado há mais de 20 dias aguardando um lugar na fila do Pronto Socorro de Cuiabá para fazer uma cirurgia. Isso não é justo. Mas quem disse que a vida é justa?

2 comentários:

Blog do Akira disse...

Olá, Martha.
Já tinha visitado o seu espaço algumas vezes e em todas elas chamou-me a atenção o equilíbrio das opiniões em todos os assuntos abordados.
Um abraço do Akira.

Martha disse...

Valeu, Akira!
Apareça sempre!
Um abraço.