sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Lição de cidadania

Desde que acordei hoje estou escrevendo este post. Fui caminhar no parque, passei no supermercado, voltei para casa, trabalhei um pouco, dei atenção para diarista, fui atrás de encanador, atendi o dito cujo, almocei, fui levar minha filha na UFMT, preparei aula, li e respondi emails, dei uma olhada no noticiário, etc, etc, etc.
Pensei tanto que achei até que já tinha escrito, mas chega de enrolação! O que quero dizer é o seguinte: que tipo de mensagem nossos líderes politicos estão passando para a sociedade, especialmente os jovens nessa atual campanha? Porque ou o atual presidente da República e sua candidata à sucessão estão mentindo descaradamente ou outro candidato a presidente está.
Ontem, assisti ao programa do Serra e ao da Dilma, em que se tentou mostrar que todo o episódio em torno da agressão numa caminhada de campanha não passava de uma farsa escabrosa. Após o horário politico, volta o Jornal Nacional e rola uma reportagem imensa mostrando que a argumentação do PT era em cima de um "evento", o da bolinha de papel, enquanto a agressão de fato teria acontecido num segundo "evento", o do rolo de fita.
Seria muito cômico se não fosse muito sério. Eu fiquei triste.
O noticiário fica anunciando os resultados de pesquisas, mas todo o histórico do primeiro turno mostra que não se pode confiar em pesquisas.
Tem hora que dá vontade de desligar a TV, não ler mais os blogs e sites, e ficar só num mundo de fantasia. Saber o que vai acontecer em Ti-ti-ti, quem vai ficar com quem em Passione, etc.
Mas isso também é tão repetitivo...
Uma vez neste blog citei um poema maravilhoso de Afonso Romano Sant'Anna, "A implosão da mentira". Acho que vou me repetir e terminar esse post com um trecho dele.
Quem diria? O coronel Job Lorena de Sant'Anna, escalado pelo Exército para dar a versão oficial do episódio da bomba no Riocentro, acabou fazendo escola!

Mentiram-me. Mentiram-me ontem
e hoje mentem novamente. Mentem
de corpo de alma, completamente.
E mentem de forma tão pungente
que acho que mentem sinceramente.

Mentem, sobretudo, impune/mente.
Não mentem tristes. Alegremente
mentem. Mentem tão nacional/mente
que acham que mentindo história afora
vão enganar a morte eterna/mente.

4 comentários:

Blog do Akira disse...

Martha
Estamos vivendo o império da mentira plena, maquiada por poderosos sistemas de marketing.
Começa pelo nosso presidente que mente tanto, sempre e tão verdadeiramente que até penso que ele próprio acredita que são verdades as mentiras que inventa tão descaradamente.
Termina na cegueira coletiva do povo, tanto, que o Brasil de hoje me faz desacreditar do velho ditado que diz que a mentira tem rabo curto.
Um abraço do Akira.

Martha disse...

Infeliz/mente, Akira.
Que fazemos?

Blog do Akira disse...

Voce tem razão, o que fazemos? Simplesmente vomitar constatações óbvias não leva a nada se não houver ação e prática para gerar mudanças.
Acho que cada um tem que fazer a sua parte, na sua casa, na sua rua, no bairro, no serviço e etc., participando cada um conforme suas disponibilidades, com ações para viabilizar melhorias de qualidade de vida em suas áreas de atuação, que passam pela educação, saude, segurança, cultura, meio ambiente e por aí vai, outra obviedade.
Se cada um der a sua contribuição, mesmo que pequena, de forma organizada ou não, em entidades, ong's, movimentos ou mesmo em partidos políticos - até onde sei da missa, a maioria deles entra para o mundo da política para lutar por uma sociedade mais justa para todos -, se cada um fizer a sua parte com certeza teremos um país melhor.
Aqui no Itaim Paulista onde moro, periferida no extremo da Zona Leste de Sampa, tento fazer a minha parte participando de movimentos de arte e cultura, que são a minha praia, e promovendo atitudes na região para o desenvolvimento artístico e cultural.
Trabalho de formiguinha, murro em ponta de faca. Um abraço.

Osvaldo Tancredo disse...

Eu também vejo da mesma forma. Quando explicito assim, muitos pensam que estou pendendo para algum candidato. Nada disso. Eu tenho história de colaboração com movimentos sociais e nunca fui financiado nem dependo de algum político ou alguma política para sobreviver. Então posso discorrer sem pudor.
Não tenho candidato. Mas sei quem gostaria que saisse do páreo por tanta mentira.