quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Nada a comemorar

Hoje é Dia Mundial de Combate à Aids e eu não poderia me furtar a falar sobre o tema. Assisti ao final de uma reportagem no jornal Hoje sobre a grande incidência da doença na população adolescente.
Isso é muito ruim. A profissional entrevistada disse que o adolescente tende a ver o uso do preservativo numa relação sexual como um obstáculo, algo que o afasta de seu parceiro.
Realmente não é fácil lidar com o uso de preservativos, mas imaginei que a nova geração, que cresceu sob a ameaça das Aids e com mais informações sobre outras DSTs, estivesse encarando o uso da camisinha com mais naturalidade. Pelo visto não está.
Não tem como deixar de ligar esse fato a outra notícia alarmente veiculada ontem através da pesquisa Situação da Adolescência Brasileira 2011 da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância): a juventude está mais vulnerável, pobre e abandonando os estudos antes de chegar à faculdade. E morrendo mais. Achei tão triste o depoimento de um rapaz entrevistado no jornal Hoje sobre quantos amigos viu morrer por causa do tráfico, brigas de gangue, etc.
Segundo matéria do jornal Diário de Cuiabá, de cada 100 adolescentes de Mato Grosso - o estado campeão na produção de grãos e detentor do maior rebanho bovino do mundo - 6,3 não estudam, nem trabalham. A média brasileira é de 5,4.
Se eu fosse político, acho que teria vergonha de fazer tão pouco para mudar essa situação e, como cidadã, também sinto vergonha.
Os números da Unicef têm um peso importante, mas nem é preciso ler o relatório para enxergar o que a gente vê acontecendo em Cuiabá, em Mato Grosso e talvez em grande parte do Brasil.
Tem uma moçada sem muitas perspectivas, sem apoio, em todas as classes sociais, e sendo levada para o caminho da violência, das drogas e do crime. Políticos, especialistas sempre dizem que praticar esportes, a leitura, ter uma escola melhor e mais aberta para a comunidade - tudo isso ajuda a mudar a realidade. Pelo visto, tem mais boas intenções e lero-lero do que iniciativas de fato sendo levadas à frente.
Juro que gostaria de contribuir mais para mudar essa realidade. Mas não sei como.

2 comentários:

Roça de Livros disse...

Oi Martha,
partindo da pergunta implícita em seu último parágrafo, ouso dizer que, se a saída para mudar a situação está em "mais leitura e em escolas abertas para a comunidade", também deve ser verdade que "a comunidade deve se abrir para as escolas". É o que, modestamente, tento fazer aqui onde moro. E tem mostrado resultados muito satisfatórios para todas as partes.
Terezinha

Martha disse...

Conheço um pouco de seu trabalho e acho maravilhoso. Ainda estou tentando identificar meus caminhos ...