segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

A música daqui e de todo lugar

Fiquei sem internet (e telefone fixo) em casa o fim de semana inteiro. Uma provação e tanto!
Com isso, não pude postar minhas impressões sobre a última apresentação da 4ª Mostra de Música Sesc-MT, realizada na noite de sábado.
Foi muito legal! Imaginei que o Teatro do Sesc estaria lotado, afinal, iriam ser apresentadas 10 composições selecionadas de 10 músicos (ou grupos) diferentes. O teatro estava longe de estar lotado, mas o público revelou-se bastante entusiasmado.
O show começou com uma "jam session" dos músicos que deram oficinas ao longo da semana, sem a participação de alunos (acho que entendi errado). Assim mesmo não estiveram presentes todos os "mestres": primeiro, tocaram o pianista David Feldman, o baixista Pedro Trigo e o baterista Antonio Loureiro. Em seguida, entrou o pianista Edutardo Taufic no lugar de David.
Não me proponho aqui a analisar a performance de cada músico, mas posso dizer que o som dos dois trios foi absolutamente arrebatador. Feldman tocou uma composição sua (feita em homenagem a um cão que não parava de latir). Taufic apresentou um tema de Caetano Veloso (acredito que foi "Trilhos urbanos") e "Apanhei-te cavaquinho" de Ernesto Nazareth.
Que delícia (re) ouvir uma "jam session" com músicos altamente competentes e respeitosos. Ninguém queria atropelar ninguém ou mostrar serviço; todos criavam juntos, improvisavam e deixavam naturalmente sua marca (assinatura) através da música - essa coisa maravilhosa com capacidade de elevar o ser humano às alturas.  O mais difícil era acompanhar os dedos dos músicos no piano.
Depois dessa entrada triunfal, aconteceu a apresentação das músicas selecionadas e citadas no post anterior. Só estranhei a ausência do violeiro Habel dy Anjos, cuja participação estava prevista no programa divulgado.
Tivemos um ótimo painel da produção musical mato-grossense com composições de ritmos variados: choro, blues e outros ritmos de definição difícil. Apresentaram-se no palco do Sesc Arsenal músicos que, apesar de jovens, demonstram uma personalidade forte, como Vítor Meirelles com seu cancioneiro no estilo medieval que evoca também (como observou Zuleika, da dupla Vera-Zuleika) os acordes de Elomar.
Estela, sempre Estela, com sua voz potente e segura interpretando a bela e misteriosa "Segundo quarto", em companhia dos músicos de Monofoliar (Jhon Stuart e Juliane Grisólia). O trio continuou no palco para apresentar "Madalena", a composição feita por Jhon para a filhinha  de três meses, que estava na plateia e, segundo a mãe, Tuane, gostou da homenagem.
Luth Peixoto, mais conhecido da galera como o trovador do Tom Choppin, apresentou seu lado autoral com "Intuição".  Daniel de Paula tocou "Viola e sentimento" na viola de cocho, acompanhado apenas por um saxofonista. Lorena Lye intepretou "Baião para dois" - uma parceria sua com Joelson da Conceição, grande violonista da Orquestra de Boteco. O Grupo Sossego mostrou "Preguiçoso", um choro simpático e o veterano Amauri Lobo empolgou o público com seu "Blues do Preto Velho", que ganhou um  arranjo azeitado de David Feldman, executado pela Banda Base (formada por Sandro Souza na bateria, Sidnei Duarte na guitarra, Levi de Oliveira no baixo e um saxofonista cujo nome me fugiu, lamento). 
E por falar em saxofones, três saxofonistas do Ciranda Sax tocaram "Start". Senti falta em alguns casos de uma identificação mais clara de autoria, já que o que estava em foco era a composição (que tinha que ser inédita). Nesse caso, a composição era dos três músicos ou de apenas um deles??? A mesma dúvida me veio no caso do Grupo Sossego.
Fora alguns pequenos deslizes, naturais numa produção que juntou tanta gente em tão pouco tempo (valeu Carol Barros), o show foi maravilhoso. Essas composições serão gravadas num CD a ser distribuído pelo Sesc-MT nacionalmente.
Seria tão bom se as emissoras de rádio locais tocassem algumas dessas músicas, ampliando seu poder de chegar ao público. Gosto muito da programação da Centro América FM, mas que tal trocar de vez a mesmice do repertório mais convencional pelas composições de nossos músicos locais? Se as rádios e TVs daqui não os prestigarem, quem o fará, além do Sesc? Por que não abrir espaço para a música autoral que não é sertaneja ou pagode?

Um comentário:

blogger do negao disse...

Agradecemos todos à parte que nos toca.