quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O peso da idade

Como é difícil envelhecer ou como é difícil lidar com o envelhecimento em nossa sociedade!
Nos últimos dias, alguns episódios me levaram a pensar sobre isso. Vou me ater a dois deles.
No sábado, eu estava no Chorinho (o bar Choros & Serestas. já mencionado em outras oportunidades) e me dava conta da quantidade cada vez maior de jovens nesse dia, quando acontece a tradicional roda de samba.
Eles não são desrespeitosos com a turma da Velha Guarda (aqui, o termo Velha Guarda tem duas conotações: uma de idade mesmo e a outra de tempo de convivência com o lugar. Nesse segundo quesito, não sou considerada da Velha Guarda). Mesmo assim, com seus costumes diferentes, acabam mudando a atmosfera do bar.
No sábado passado, interagi com alguns desses jovens e um deles, quando eu passava em direção ao banheiro, disse-me: "Tia, você cantou muito bem". Odeio quando alguém que tem mais de 18 anos e não é meu sobrinho por parentesco me chama de "tia", mas só respondi: "Obrigada. Eu dispensava o tia". Não sei se ele entendeu, mas não me deixei abater com o comentário e acabei me divertindo muito naquela noite.
O outro episódio é o seguinte: eu me candidatei para um processo seletivo de um trabalho. Nem por um segundo pensei que poderia ser barrada na primeria fase, antes da prova. Até cheguei a pensar se realmente queria esse emprego, mas conclui que seria uma boa tentar e que a vida diria se eu era a melhor candidata ou não. Para minha surpresa, meu nome não estava na lista dos candidatos para a prova.
Modéstia à parte, tenho um currículo profissional muito bom e me considero mais do que digna de pelo menos tentar a vaga oferecida. A única explicação que encontrei foi a idade: entre os 15 selecionados, o mais velho é nascido em 1972 (se não me engano). Olhei os selecionados para outros cargos e isso também se repetiu. Ninguém da década de 50 foi chamado. Na hora isso me soou como um recado: você está velha demais para tentar um reles emprego de jornalista. Vai procurar sua turma!
Qual é a minha turma? Não sou aposentada, não sou uma funcionária pública torcendo para chegar logo a aposentadoria e correndo contra o tempo para me aposentar com um vencimento melhor, não sou empresária, não sou uma celetista com um bom salário.
O que sou? Uma pessoa sensível, inteligente, culta, digna, tentando ganhar dinheiro honestamente para manter sua casa e sua família. E que gosta muito de cantar.

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