segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A força da cultura popular

Ruth, Teresa,  Emília e Maria Conceição. Quatro "paneleiras" rodopiando pelo palco do teatro do Sesc Arsenal na noite de domingo, enquanto entoavam os cantos da Banda de Congo Panela de Barro do Espírito Santo - terceira atração do projeto Sonora Brasil, que este ano tem como tema "Sagrados mistérios - vozes do Brasil".
Foi uma apresentação muito especial, aberta pelo coral SescCanta (sob a regência do maestro Carlos Taubaté). De forma didática, mestre Valdemiro Sales ia explicando tudo para nós: falou sobre como nasceu a banda de Congo (em 1938), como surgiu o nome Panela de Barro, como é a comunidade Goiabeiras (onde todos moram). Contou que é filho de "panelereira" (pelo que entendi um dos incentivadores da banda era dono de um galpão onde se fabricavam as tradicionais panelas de barro capixabas). Falou sobre a devoção a São Benedito, a lenda que a cerca, sobre Folia dos Reis e a dança do boi.
Quando parava de falar, soprava o apito que tinha no pescoço e recomeçava a cantoria e o rodopio das "meninas". O percussionista Marcos Pereira, também da comunidade, fez uma fala simples e bonita sobre a importância de se valorizar a cultura "não global".
Ao final da apresentação, fui cumprimentar os artistas e fiquei muito feliz. Todos eram muito simpáticos e me contaram que tinham corrido à banca para comprar vários exemplares do jornal Diário de Cuiabá por causa da matéria que fiz para o caderno Ilustrado.
Acabei não resistindo à curiosidade e perguntei a idade das cantadeiras: a mais jovem tinha 66 anos e as duas mais velhas, 72! São verdadeiras artistas, que provavelmente nunca estudaram música, nem dança. Fazem aquilo por devoção, tradição e como parecem felizes, realizadas! As mulheres têm uma graça tão grande dançando! Quero chegar aos 70 como elas!

2 comentários:

Blog do Akira disse...

Martha,
ótima postagem. Fiquei supercurioso para conhecer a Banda de Congo Panela de Barro.
Um abraço.

Martha disse...

Obrigada, Akira! Atento e gentil, como sempre!
Deve ser maravilhoso assistir in loco.
Grande abraço.