sábado, 24 de setembro de 2011

Kyvaverá

"Kyvaverá é um nome índio/Branco não sabia pronunciar". Assim fala o médico e escritor Ivens Cuiabano Scaff,  no poema que dá nome ao livro "Kyvaverá", a ser lançado na próxima sexta-feira, às 19h30, no jardim do Sesc Arsenal.
Fico feliz por trabalhar na Entrelinhas Editora e poder participar desse momento tão bonito, numa época em que Cuiabá está tão asfixiada pela violência e notícias sobre corrupção, inoperância do poder público, etc.
Ivens vive nesta capital há quase 60 anos (vai fazer aniversário no dia 30) e consegue ver poesia em muita coisa.
Posso dizer que o conheci há três, quatro semanas, mas é uma figura formidável, alto astral, sempre cheio de causos e histórias engraçadas.
No livro, ele faz um inventário da Cuiabá de sua infância e mocidade, reconduzindo o leitor a uma cidade afável, divertida, aconchegante.  Fala de "verdureiros em seus carrinhos de mão, de padeiros carregando imensos cestos de vime, de empregadas reclamando da algazarra de passarinhos".
"(...) Não
não são as noites
são as manhãs

As minhas manhãs
As minhas manhãs que estão vazias (...)

Buzinas finalmente quebram o encanto
 Abriu o sinal" (Não são as noites).

A poesia de Ivens é assim, feita muitas vezes no meio da rua, entre o abrir e o fechar do sinal de trânsito.   Tem horas que lembra Manuel Bandeira, outras que lembra Carlos Drummond de Andrade e Vinícius de Morais.
É de simples leitura, mas não é descartável. Você tem vontade de ler e reler ...
Isso aqui era para ser só uma "palinha" do livro "Kyvaverá". Quem viver verá...

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