quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Pais e filhos

Vou voltar hoje a um tema recorrente em minhas preocupações: qual o papel que pais ou outros adultos (ou crianças mais velhas) exercem na formação de uma criança?
Estou falando de educação, limites, de criar seres humanos razoavelmente equilibrados e incapazes de se fazerem mal ou fazerem mal a outras pessoas deliberadamente.
A pergunta voltou à minha cabeça ontem e é reforçada por alguns acontecimentos pescados no noticiário diário. O que leva um menino de 10 anos a atirar em sua professora e depois se matar?
O que leva pais a largarem dois bebês (duas meninas de um e dois anos) sozinhas em casa? O fato ocorreu em Várzea Grande e, segundo o jornal onde li a notícia (acho que foi no Diário de Cuiabá), as crianças estavam com fome e sede, e a mais velha tinha um hematoma nas costas, causado segundo o pai pelo fato dela ter passado inesperadamente no momento em que ele dava uma cintada no gato!
Minha primeira reação é odiar esses pais, mas fico me questionando se eles também conheceram alguma forma de cuidado, amor? Claro que nada justifica judiar, maltratar crianças tão indefesas (nem o gato merece uma cintada), mas tento entender o porquê de um comportamento tão cruel.
Para mim, crueldade é colocar os nossos desejos de adulto acima das necessidades dos filhos, é não dar um mínimo de rotina e conforto a um bebê, obrigá-lo a acompanhar o ritmo dos adultos, em matéria de decibéis e outras coisas.
Eu escolhi o momento de ter minhas filhas e por isso, ainda bem, pude me dedicar bastante a elas quando eram bebês, principalmente no primeiro ano de vida. Foi cansativo, mas como foi gostoso também! Sei que nem todo mundo deseja ter filhos e os tem na hora que quer.
Nunca vou me esquecer de um livro de Aldous Huxley que li na adolescência. Chamava-se "A Ilha" (1962) e tenho muita vontade de lê-lo novamente. Entre outras coisas interessantes, ele fala de uma sociedade que vive numa ilha, onde um náufrago vai parar. Eu me lembro de que lá as crianças não tinham pais, nem mães, e eram criadas pela comunidade. Na época, aquilo me causou muito estranhamento. Como viver sem o meu pai e a minha mãe? Mas achei bacana porque nesse caso as crianças deixam de viver um monte de problemas, traumas, causados por pais e mães, entre eles, o fato de não ter eventualmente conhecido seu pai ou mãe (ou ter sido rejeitado por eles) numa sociedade onde se cultua tanto a paternidade e a maternidade, e, ao mesmo tempo, pratica-se tanto a paternidade e/ou a maternidade irresponsável.

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