sábado, 10 de setembro de 2011

Excesso de zelo

Isso me acontece de vez em quando. Sinto o peito oprimido, o coração batendo rápido demais (e não é por motivo de paixão, infelizmente), uma leve sensação de enjoo e penso nos sintomas clássicos de enfarte e/ou AVC (fiquei muito impressionada com o caso do técnico Ricardo Gomes).
Minha família é hipertensa e meus pais morreram de coração. Já não sou nenhuma criança. É natural, portanto, que eu me preocupe.
Após um dia sentindo esses sintomas, resolvo procurar o PA de um hospital particular de Cuiabá.
A sala de espera está cheia no início de noite, chego a pensar em ir embora, mas e se eu estiver à beira de um ataque de coração? Fico mais aliviada quando o recepcionista me pergunta que tipo de médico quero. Eu me senti diante do balcão do Bob's decidindo o que queria para o meu lanche.
- Quais são as opções?- perguntei.
- Clínico, ortopedista, pediatra.
- Então, salta um clínico - tive vontade de responder.
Constato então que o clínico é meu conhecido, um médico que sempre associo à marca de um tradicional fabricante de fogos de artifício. Gosto dele. Acredito que não vai me deixar na mão se eu estiver enfartando ou tendo um AVC.
Enquanto espero a consulta, puxo conversa com uma moça que me pareceu simpática. Ela está com o pé inchado e conta que acha que machucou de novo o dedão quebrado (e já tratado) há pouco tempo. Pergunta o que tenho. Diante da minha resposta, conta uma longa história sobre um aneurisma sofrido 33 dias após o nascimento de seu segundo filho. Fiquei assustada com o relato e, ao mesmo tempo, consolada: se ela teve um aneurisma, foi operada, ficou na UTI e está aqui tranquilamente contando sua história, eu vou sobreviver.
Minha vez chegou antes da dela (o ortopedista do plantão estava atrasado) e não vi mais "minha amiga".
Minha consulta foi rápida. Não tive coragem de dizer ao médico com todas as palavras que estava com medo de morrer, mas ele sorriu quando eu disse que estava ali "por excesso de zelo". Tirou minha pressão, que estava ótima, e pediu um eletro "por excesso de zelo". 
Quando veio o resultado, disse que eu não iria morrer de coração naquela noite. Disse que estava tudo ótimo e me mandou ir ao cinema para me distrair.
Saí mais aliviada. Não fui ao cinema, mas fui comer no "árabe da esquina" com minha filha e meu sobrinho que estava hospedado lá em casa.
Resumo da ópera: preciso aprender a relaxar e temer menos o futuro.

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