quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Setembro negro

É difícil manter o astral alto num período como este em Cuiabá. Hoje, véspera da chegada da primavera, a cidade já amanheceu acinzentada. Fui caminhar no Parque Mãe Bonifácia e mal conseguia enxergar os prédios mais próximos. O Centro de Eventos do Pantanal estava invisível, embora situado a poucos metros do parque. 
No telejornal Hoje, imagens desoladoras de incêndios tomando conta de fazendas e assentamentos em Mato Grosso e no Maranhão, e assustando turistas no Hotel Sesc Pantanal (a cerca de 140 km da capital mato-grossense) - lágrimas, suor e muito sofrimento de animais e pessoas assoladas pelo fogo.
Leio agora no jornal Diário de Cuiabá matéria sobre uma pesquisa apresentada pelo professor Ageo Mário Cândido da Silva, coordenador do curso de Saúde Coletiva da UFMT, associando o nascimento de crianças com peso baixo à incidência de fuligem http://www.diariodecuiaba.com.br/
Até quando? Como se pode pensar no futuro de um estado, encher a boca para falar de turismo numa região do país devastada pelo fogo por um período de três meses por ano?
Sei que este ano fatores climáticos tornaram a situação mais dramática do que em anos anteriores, mas essa bola (a seca, o perigo do aumento de focos de calor) foi cantada no início de maio passado. No dia 17 daquele mês já tinha incêndio no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães e tinha havido um aumento de 236,33% nos focos de calor na Região Centro-Norte em comparação com o mesmo período do ano anterior. Isso foi notícia na edição de junho da revista Produtor Rural, em jornais, sites e telejornais de Mato Grosso.
Estamos terminando o mês de setembro em farrapos, sonhando com uma chuva redentora. E o mal que esse fogo e suas consequências (fuligem, destruição) provocaram em milhares de pessoas?
O dia 3 de outubro está chegando e é mais uma oportunidade para fazermos um exame de consciência e ver que tipo de estado queremos construir. Ou será que a fuligem já deixou nossas mentes tão embotadas que não conseguimos mais pensar e enxergar um centímetro além de nosso próprio umbigo?

2 comentários:

Vera disse...

É impressionante o descaso dos nossos governantes. Fico indignada com a cara-de-pau que esses teêm em mostrar a sua cara mais lavada, pedindo voto, prometendo mais e mais. Até quando vamos ser vitimas desses bandidos? Até quando o povo brasileiro vai eleger eleger em troca de tijolos ou quilos de grãos? Continuamos do mesmo jeito, não vejo mudanças, não tenho esperanças. Quem poderá nos salvar?

Martha disse...

Não tem milagre, na minha opinião. Só nós mesmos podemos nos salvar. Dizem que a solução passa pela educação, mas não sei se teremos tempo para isso.
Mas, como dizia Frei Beto, "vamos deixar o pessimismo para dias melhores".