terça-feira, 21 de setembro de 2010

Era uma vez ...

Há muito e muitos anos,  quando ainda era jornalista no Rio de Janeiro, conheci o Partido dos Trabalhadores (PT).  Era diferente de tudo que conhecíamos e todos meus amigos - e as pessoas de quem eu mais gostava ou em quem mais confiava - tornaram-se adeptos do PT na época.
Votei várias vezes em candidatos do PT - partido que representava o novo na política partidária, como se isso pudesse existir.
Quando me mudei para Mato Grosso em 1988 eu me senti como um peixe fora d'água e naturalmente meu ex-marido fazendeiro não tinha simpatia pelo PT
Continuei votando no PT, inclusive votei em Lula em todas as eleições para presidente. Mas alguma coisa já tinha mudado. Eu via o pessoal do PT na cidade do interior onde morava e achava tão estranho: era um povo tão marrento que parecia estar mais preocupado em resolver sua própria vida do que mudar os destinos da nação.
Eu pensava, entretanto, que aquele jeito de fazer política, de uma forma egoísta, nepotista e atrasada, era uma característica dos quadros do PT no interior - uma espécie de deformação.
Hoje, com pesar, vejo que estava enganada. Os companheiros que chegaram ao poder, com raras e nobres exceções, são "normais": tem suas limitações, visam seus interesses (e de seu grupo familiar e político acima de tudo) e não diferem em nada das velhas raposas da Arena ou do PMDB.
Isso me lembra o genial livro do escritor inglês George Orwell,"Animal Farm" ("A revolução dos bichos", na versão em português), que trabalhei tantas vezes com meus alunos de Literatura Inglesa no curso de Letras da Unemat, em Cáceres. Trata-se de uma fábula com críticas claras à revolução russa. No início, todos os bichos são iguais e devem trabalhar duro para construir uma nova sociedade após se livrarem do homem/patrão. Com o tempo, alguns trabalham cada vez mais enquanto outros (os porcos) trabalham cada vez menos, porém usam argumentos políticos e a força (o medo) para mostrar que está tudo "certo" até um momento em que os submissos não conseguem mais distinguir os porcos dos homens, com os quais finalmente os primeiros se juntaram.
Para mim, o "livrinho" de Orwell (mais conhecido pelo romance "1984" e a criação de The Big Brother, transformado em mais um produto pela sociedade midiática) é uma obra-prima. Triste, porém altamente reveladora da natureza "humana".

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