quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Mudança

Desde que entrei nesta nova fase da minha vida - desempregada - várias pessoas me perguntam se pretendo me mudar de Cuiabá.
Nesses últimos dias de tanto calor, essa ideia até que é tentadora.
Isso - questionamentos sobre uma possível mudança de cidade - ocorreu também quando eu me divorciei, no início de 2000. Muitos me perguntavam se eu iria deixar Cáceres, a 210 km de Cuiabá, e voltar para o Rio de Janeiro, cidade onde morei a maior parte da minha vida.
Mudar de cidade nunca foi uma decisão fácil para mim. Cuiabá não é a minha cidade (hoje em dia, qual é?), mas tenho feito um esforço grande para me sentir bem, procurando sempre as coisas, os amigos e  pessoas que me dão alento, como a galera do Chorinho e, mais recentemente, do Madrigal do Avesso.
Mas é preciso trabalhar, sustentar minhas filhas que ainda dependem de mim e, por isso, não posso descartar totalmente a possibilidade de uma mudança.
Para aonde? Não tenho vontade de ir, nesta altura do campeonato, para um lugar onde já não tenha amigos ou parentes, a menos que surgisse uma possibilidade de trabalho fantástica. Ou seja, teria que compensar muito para eu largar os amigos feitos em Cuiabá e ficar longe de minhas filhas (já que ambas estão fazendo faculdade, uma em Cuiabá e a outra em Jaboticabal, no interior de São Paulo).
O Rio de Janeiro é sempre uma referência: lá estão amigos de infância e adolescência, boa parte de minha família e os lugares familiares. Seria muito bom me sentir novamente integrada ao Rio, porém as chances de trabalho na minha área são reduzidas, segundo meus colegas, e tem também o lance de que o Rio mudou muito nesses últimos 21 anos. A violência, a tensão, o desgaste do dia a dia são bem mais palpáveis, embora meus amigos e parentes continuem sobrevivendo bem, obrigada.
Uma notícia ontem deixou bem clara para mim essa mudança: um arrastão ocorreu durante o dia numa rua do bairro Jardim Botânico, a rua Faro, que tantas vezes desci de carro ou a pé para ir ao trabalho, ao supermercado, ao banco ou a algum restaurante, como o velho e bom Alface's (acho que era esse o nome).
Quantas vezes cheguei em casa sozinha de madrugada, parei o carro na rua Senador Simonsen (meu último endereço no Rio) e abri o portão do prédio? É claro que já naquela época fazia isso com medo, olhando dos lados (como faço hoje em Cuiabá), mas era um medo mais leve, se é que se pode dizer isso. Hoje, quando vou ao Rio de férias, sinto que meus amigos e parentes estão bem mais assustados.
Enfim, a ideia de voltar a morar numa cidade tão estressada pela violência, o trânsito, etc, não me seduz, como também não me seduz a ideia de morar em São Paulo, onde provavelmente teria mais condições de encontrar trabalho.
Por isso, por enquanto, por inércia ou comodismo, sigo em Cuiabá, curtindo os ensaios do madrigal, os encontros musicais, as caminhadas, as aulas de yoga, na expectativa de encontrar um trabalho que seja compensador sob todos os pontos de vista.
Mudanças, por enquanto, só internas.


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