quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Libertinagem

Ontem, após o ensaio do Madrigal do Avesso (é esse nosso nome), fui ao Chorinho matar saudades do clima gostoso e tranquilo das noites de quarta-feira. Não estava assim tão tranquilo - tinha dois aniversários sendo comemorados -, mas estava uma delícia. Cantei bastante, revi amigos e fiz novos amigos.
Em um determinado momento conversávamos sobre as (péssimas) perspectivas para a humanidade. Um dos interlocutores era totalmente pessimista e eu me vi sem argumentos para enfrentar seu pessimismo. Ele disse que faltam pensadores no mundo atual e outro amigo na roda disse que os pensadores de hoje são os que controlam a tecnologia.
Isso tudo regado à cerveja e samba, o que me fez questionar por alguns segundos o sentido de estar ali, procurando me distrair e divertir diante de um fim de mundo tão próximo e cruel. Mas, o questionamento acabou diante da possibilidade de pegarmos o microfone e nos entregarmos ao prazer de cantar.
Essa introdução é para explicar meus pensamentos e sentimentos conflitantes. Sinto que é peciso fazer alguma coisa para tornar esse mundo melhor e viável para meus filhos e netos num futuro bem próximo. Mas, sinceramente não sei como fazer. Estou cansada de tanta hipocrisia e do marketing em cima de conceitos como sustentabilidade e  meio ambiente, e desconfio das reais intenções da maioria das pessoas.
Quantos de nós estamos dispostos a abrir mão de um tiquinho que seja de nosso conforto e hábitos consumistas em prol do outro e, principalmente, do interesse coletivo? 
Diante de tanto egoísmo e mentira, volta e meia, acabamos caindo no pessimismo e atraídos pelo niilismo.
Nesse contexto, felizes os que têm fé em Deus ou seria a fé apenas mais um estratagema para fugir do desespero?
"Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria."
Se até o melancólico Manuel Bandeira se permite alguns momentos de devaneio no poema "Não sei dançar" (do livro Libertinagem), quem sou eu para me impor a tristeza?
Acredito no amor, na compaixão e na lealdade. Ai de mim, se deixar de acreditar!

5 comentários:

Amandita disse...

A minha ideia de deixar o mundo melhor é ajudar alguém de alguma forma ou simplesmente dedicar carinho a todos os que cruzam o meu caminho, não só as pessoas que amo! Gentileza gera gentileza...

Martha disse...

Também penso assim, mas às vezes acho que não é o bastante.

Martha disse...

Não sei se consegui me fazer clara: também procuro ser carinhosa com todos, porém às vezes sinto que deveria fazer mais.
Em alguns momentos, é preciso ser mais enérgica, não digo agressiva ou estúpida, porém sinto que em alguns momento não basta ser carinhoso, embora o mundo precise tanto de carinho!
All we need is love ???

Roça de Livros disse...

Acho que o mundo e a humanidade não estão nem melhores, nem piores, do que sempre foram. Basta olhar a História para constatar isso.
O mundo flui como sempre fluiu e continuará fluindo, para o bem ou para o mal e independentemente do que vai por dentro de cada um nós.
Muitos seguem o fluxo, sem pensar muito sobre isso. Vão pra onde a vida leva.
Outros preferem escolher qual fluxo seguir e interferir nele na medida de suas forças.

Amandita disse...

Eu já acho que o mundo melhorou em todos os sentidos. rsrs E acho que vai continuar melhorando sempre, apesar dos pesares. Se engajar em alguma causa, ensinar o que sabe fazer para outras pessoas pode ser um modo positivo de intervir no mundo.